São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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TENDÊNCIA

MENOR É MELHOR

Famílias compram mais em mercadinhos e padarias

DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mercados menores e lojas mais próximas de casa estão ganhando a preferência dos consumidores, segundo uma pesquisa feita pela consultoria de varejo Latin Panel.
De 2004 a 2007, a participação de padarias e mercadinhos nas compras essenciais das famílias subiu de 26% para 32%.
"No ano 2000, as grandes redes de súper e hipermercados tinham 80% de participação nos gastos das famílias com alimentos, higiene, limpeza e bebidas. Desde 2005, isso caiu para 57%", diz Maria Andréa Murat, 39, gerente de atendimento da Latin Panel, empresa que faz pesquisas entre consumidores.
"Há dois movimentos: a preferência do consumidor pelo que é fácil para ele e a busca das vantagens de preço oferecidas pelos atacadistas", diz Murat.

"Mercadinho"
Como resposta à preferência dos compradores pelo chamado "varejo tradicional", as grandes redes estão abrindo lojas em formatos pequenos, ou seja: não é exatamente uma volta ao mercadinho local.
A espanhola Dia%, do grupo Carrefour, chegou ao país há seis anos e já tem mais de 250 lojas próprias e 50 franquias. Dentro de cada uma, não há mais do que 2.500 itens, bem menos que as 15 mil mercadorias de um supermercado comum.
O Pão de Açúcar também tem sua bandeira de mercados pequenos, a Extra Fácil, que conta com 14 lojas, 10 delas inauguradas neste ano. Até o final de 2007, a marca contará com mais 12 estabelecimentos de até 300 metros quadrados e no máximo 3.000 itens.
"Também adaptamos as lojas às suas zonas de influência. Há três grupos: as de passagem ou trabalho, focadas em pão, bebidas prontas, sanduíches e biscoitos; as de bairro A e B, com tudo isso mais iogurtes, frios, vinhos e uísques; e as de bairros C e D, com mais arroz, feijão e óleo", diz Hugo Bethlem, 49, diretor-executivo do Extra e Comprebem.

"Atacarejo"
A procura por preços menores também leva o consumidor ao extremo oposto dos mercadinhos. As pesquisas da Latin Panel mostram que o número de famílias que freqüentam os atacados dobrou, de 7,6% em 2005 para 16% em 2006.
"O atacado tem todos os inconvenientes do hipermercado. O chamariz é mesmo o preço, porque não tem empacotador nem quem leve a compra para o consumidor", diz Maria Murat.
De novo, os dois principais grupos controladores de supermercados entraram no negócio: do lado do Carrefour, a jogada foi a compra das 34 lojas do Atacadão, em abril deste ano. O Pão de Açúcar respondeu mais recentemente, com a compra de 60% dos negócios da rede atacadista Assai, presente no interior de São Paulo.
Para a pesquisadora, o resultado dos dois movimentos é o aumento do número de tipos de lojas usadas pelos consumidores, o que só se tornou possível com a estabilidade econômica.
"Quando a inflação aqui era uma loucura, as compras eram concentradas em uma vez só. Depois da estabilidade, isso foi mudando. Levou mais de dez anos, mas as famílias aprenderam a fazer diferente", diz Murat.


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