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TENDÊNCIA
MENOR É MELHOR
Famílias compram mais em mercadinhos e padarias
DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mercados menores e lojas
mais próximas de casa estão
ganhando a preferência dos
consumidores, segundo uma
pesquisa feita pela consultoria de varejo Latin Panel.
De 2004 a 2007, a participação de padarias e mercadinhos nas compras essenciais
das famílias subiu de 26%
para 32%.
"No ano 2000, as grandes
redes de súper e hipermercados tinham 80% de participação nos gastos das famílias
com alimentos, higiene, limpeza e bebidas. Desde 2005,
isso caiu para 57%", diz Maria Andréa Murat, 39, gerente de atendimento da Latin
Panel, empresa que faz pesquisas entre consumidores.
"Há dois movimentos: a
preferência do consumidor
pelo que é fácil para ele e a
busca das vantagens de preço oferecidas pelos atacadistas", diz Murat.
"Mercadinho"
Como resposta à preferência dos compradores pelo
chamado "varejo tradicional", as grandes redes estão
abrindo lojas em formatos
pequenos, ou seja: não é exatamente uma volta ao mercadinho local.
A espanhola Dia%, do grupo Carrefour, chegou ao país
há seis anos e já tem mais de
250 lojas próprias e 50 franquias. Dentro de cada uma,
não há mais do que 2.500
itens, bem menos que as 15
mil mercadorias de um supermercado comum.
O Pão de Açúcar também
tem sua bandeira de mercados pequenos, a Extra Fácil,
que conta com 14 lojas, 10
delas inauguradas neste ano.
Até o final de 2007, a marca
contará com mais 12 estabelecimentos de até 300 metros quadrados e no máximo
3.000 itens.
"Também adaptamos as
lojas às suas zonas de influência. Há três grupos: as
de passagem ou trabalho, focadas em pão, bebidas prontas, sanduíches e biscoitos;
as de bairro A e B, com tudo
isso mais iogurtes, frios, vinhos e uísques; e as de bairros C e D, com mais arroz,
feijão e óleo", diz Hugo Bethlem, 49, diretor-executivo
do Extra e Comprebem.
"Atacarejo"
A procura por preços menores também leva o consumidor ao extremo oposto
dos mercadinhos. As pesquisas da Latin Panel mostram
que o número de famílias
que freqüentam os atacados
dobrou, de 7,6% em 2005 para 16% em 2006.
"O atacado tem todos os
inconvenientes do hipermercado. O chamariz é mesmo o preço, porque não tem
empacotador nem quem leve a compra para o consumidor", diz Maria Murat.
De novo, os dois principais
grupos controladores de supermercados entraram no
negócio: do lado do Carrefour, a jogada foi a compra
das 34 lojas do Atacadão, em
abril deste ano. O Pão de
Açúcar respondeu mais recentemente, com a compra
de 60% dos negócios da rede
atacadista Assai, presente no
interior de São Paulo.
Para a pesquisadora, o resultado dos dois movimentos é o aumento do número
de tipos de lojas usadas pelos
consumidores, o que só se
tornou possível com a estabilidade econômica.
"Quando a inflação aqui
era uma loucura, as compras
eram concentradas em uma
vez só. Depois da estabilidade, isso foi mudando. Levou
mais de dez anos, mas as famílias aprenderam a fazer
diferente", diz Murat.
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