Veja o roteiro de sorveterias paulistanas, que aproveitam a temporada de calor para inventar as receitas mais inusitadas e oferecer uma quantidade incrível de sabores

Felipe Reis - Agradecimentos Stuzi

PARA SERVIR EM CASA

ANNETTE SCHWARTSMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São Paulo tem sorveterias para atender qualquer exigência, das de gosto propriamente ditas às ideológicas e de saúde.
O número de variações da guloseima é proporcional ao tempo decorrido desde que os chineses a inventaram, há 2 mil anos, quando misturaram neve com mel e suco de frutas.
A criação chegou ao Ocidente pelas mãos do navegador Marco Pólo, que por volta de 1292 trouxe a novidade na bagagem.
Na Itália, o leite foi incluído na receita e o sorvete ganhou fama. Foi parar na Inglaterra. De lá, foi levado aos EUA, hoje o segundo maior consumidor do globo, atrás da Nova Zelândia.
No Brasil, a delícia aportou com os portugueses. O clima não poderia ser mais propício para a coisa, mas o país ainda consome pouco se comparado a outros: 4,7 litros/ano per capita, 11ª posição no ranking mundial, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes. O mais curioso é que os campeões nesse quesito são países de clima frio, nos quais, paradoxalmente, se toma sorvete o ano inteiro.
O termo sorvete, aqui, define todo doce que vai abaixo de zero -está no dicionário, não no freezer. Na França e na Itália, a distinção entre "glace" (ou "gelatto") e "sorbet" (ou "sorbetto") é clara: a primeira é a mistura à base de leite, creme e ovos; o segundo é a receita que leva fruta. É como se, no mundo dos sorvetes, o Brasil tivesse congelado no tempo.

ALASKA
A sorveteria mais antiga da cidade resiste a modismos com massa densa, sabores tradicionais e boa relação custo/benefício. Entre os favoritos estão os de chocolate, limão e coco -este cheio de lascas da fruta. Incomum é o de miski, resina vegetal usada em doces árabes. A embalagem de 1,2 litro para viagem sai por R$ 36.
R. Dr. Rafael de Barros, 70, Paraíso, tel. (11) 3889-8676, São Paulo. Seg. a dom.: 9h à 0h

CAIRU
O forte da marca belenense são os sabores exóticos das frutas regionais. Seu sorvete de tapioca, um hit, tem coco ralado à mão e leite de coco artesanal. Entre as novidades estão o de profiteroles, o de ferrero rocher (chocolate, crocante e avelãs) e o de prestígio com suspiro. A loja Feira Moderna vende 23 desses sabores. Custa R$ 59 a embalagem de um quilo.
R. Fradique Coutinho, 1.248, Vila Madalena, tel. (11) 3032-2253. Dom. a qua.: 10h às 23h. Qui. a sáb.: 10h à 1h30

DOCE MANIA
A rede tem seis lojas, mas só a dos Jardins vende os sorvetes com toque artesanal feitos pelo milanês Tiziano Gavioli. São mais de 40 tipos. Uma das especialidades é o zuppa inglesa: creme de zabaione e massa de pão-de-ló embebida em licor. Há ainda sorvetes kasher e light. O pote de um quilo custa R$ 40 e R$ 44 (linha light).
Al. Lorena, 1.852, Jardins, tel. (11) 3061-9630, São Paulo. Seg. a sex.: 11h30 às 23h. Sáb. e dom.: 10h às 23h

DOUCE FRANCE
O chef-pâtissier francês Fabrice Le Nud assina sorbets e glaces feitos sem estabilizantes nem emulsificantes e com determinações rígidas sobre a quantidade de polpa e teor de açúcar. Os sorbets são brilhantes e preenchem a boca com o néctar da fruta. Entre as glaces, destaque para as de praliné, café e mel. Tentações que podem ser levadas por R$ 50 o quilo.
Al. Jaú, 554, Cerqueira César, tel. (11) 3262-3542, São Paulo. Seg. a dom.: 8h às 20h

ESKIMO HOUSE
Os mais de 60 sabores são famosos entre banqueteiros, restaurantes e clubes. O sorvete de iogurte com amarena e o de caipirinha com limão siciliano são sucessos. O baldinho de cinco quilos custa de R$ 44 a R$ 60.
Encomendas pelos tels. (11) 3903-7002/3906-7886 ou pelo e-mail sorveteseskimohouse@uol.com.br
www.eskimohouse.com.br

MIL FRUTAS
Instalada no shopping Cidade Jardim, a tradicional sorveteria carioca tem em seu cardápio mais de 250 sabores. Para este verão, as novidades são os de rosa com framboesa e pistache, laranja da terra com mascarpone, melancia com gengibre, abacaxi com hortelã, maracujá com capim santo, coco verde e nordestino (tapioca, canela e casca de laranja). Não é fácil se decidir entre esses e antigos como o de goiabada com queijo. A embalagem de 1,5 litro para viagem sai por R$ 90.
Av. Magalhães de Castro, 12.000, shopping Cidade Jardim, tel. (11) 3552-5900, São Paulo. Seg. a sáb.: 10h às 22h. Dom.: 13h às 20h

SOROKO
A casa tem opções feitas com leite de soja, alternativa tanto para vegans como para pessoas com intolerância a lactose. São cerca de dez sabores, como chocolate, flocos, menta, maracujá, acerola, banana, cupuaçu e graviola. Tudo começou há cerca de oito anos, quando uma cliente vegan pediu um sorvete sem leite. Entre as opções diferentes (que variam diariamente) estão os sorvetes de sapoti, jaca, cupuaçu, cajá, pitanga, uvaia, caipirinha, figo em calda, torta de maçã com canela, piña colada, rapadura, abacate com leite, arroz doce, chiclete e até de rosas vermelhas. Quem quiser levar para casa vai pagar R$ 27 por um quilo -mas levará, de fato, 1.350 gramas.
R. Augusta, 305, Consolação, tel. (11) 3258-8939, São Paulo. Seg. a dom.: 12h às 22h

STUPPENDO
Instalada em uma acolhedora casinha na esquina de uma viela arborizada, a Stuppendo tem mesinhas para lá de convidativas. Mas o que conquista a clientela mesmo são as criações de Eduardo Guedes, todas à base de ingredientes orgânicos e sem adição de gordura. As receitas incomuns incluem erva-cidreira com limão, kiwi com saquê, pera com prosecco, tomate com manjericão, cappuccino e vinho. Entre as novidades há os sorvetes baba-de-moça (coco com camadas de pão-de-ló e musse de gema ao vinho do Porto), alfajor (chocolate com biscoito crocante e doce de leite) e manhattan (musse de grapefruit com suspiro e caramelo). Sem falar em esquisitices como o gelado de gorgonzola com damasco e nozes, o de feijão azuki ou o de batata doce, que estão ali à espera de espíritos aventureiros. Para viagem, a embalagem de um quilo custa R$ 48. R. Canário, 1.321, Moema, tel. (11) 5093-2967. Seg. a dom.: 12h30 às 22h


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