Embalagem em caixa para a bebida promete conservá-la por até um mês

DA REPORTAGEM LOCAL

Em vez de garrafa de vidro e rolha, o vinho sai direto da caixa por meio de uma torneirinha. A embalagem "bag-in-box" (saco dentro da caixa) é uma espécie de caixa longa-vida diferente. O líquido fica em um saco especial, e este fica dentro de uma caixa de papelão. Há embalagens com capacidade de dois a cinco litros. Para beber, é só abrir a válvula, que deixa o vinho sair e não permite que o ar entre.
Neste mês, foram lançados no Brasil rótulos australianos (a Austrália é o país onde essa embalagem foi inventada) como o Banrock Station. Até o fim deste ano, devem chegar vinhos italianos e espanhóis, todos importados pela Wine Society. No fim do ano passado, a vinícola Casa Valduga lançou sua linha Arte embalada na caixinha. A empresa gaúcha já tinha outros rótulos no formato. Em 2005, foi a primeira marca brasileira a vender em bag-in-box.
As vantagens para o consumidor são muitas. Os fabricantes prometem que o vinho pode durar cerca de um mês fora da geladeira, sem perder suas características aromáticas. O preço pode ser até 40% menor na caixa do que na garrafa, ainda que o rótulo seja o mesmo, porque o volume vendido é maior e o gasto de transporte é menor do que o das garrafas de vidro.
Além disso, não é preciso colar rótulos nem usar rolhas. "Ecologicamente, o bônus também é grande, porque gasta menos combustível no transporte", diz a enóloga e proprietária da escola Ciclo das Vinhas, Alexandra Corvo.
A embalagem prática só não é recomendada para os chamados vinhos de guarda, que têm potencial para se desenvolver com o tempo. "O bag-in-box é bom para vinhos jovens, de consumo imediato, que não ganham nada com o envelhecimento", diz Alexandra. O maior obstáculo à disseminação do vinho em caixa é o formalismo geralmente associado ao consumo da bebida, segundo Alexandra. "É uma chatice, todo mundo acha que tem que ter uma frescura. Vinho é para pôr no copo e beber. Não é a embalagem que vai tirar a função."
Há também um certo receio das vinícolas em transpor seus rótulos para a caixinha. Quando a Casa Valduga iniciou a produção em bag-in-box, em 2005, criou uma nova marca, a Alto Vale, para não associar seus vinhos mais caros à nova embalagem. "O temor era acharem que era vinho de baixa qualidade, tipo garrafão", diz Fabiano Olbrisch, gerente de marketing da vinícola gaúcha. Quando decidiu lançar um rótulo na caixinha, a empresa escolheu uma linha básica, a Arte, que tem em seu conteúdo 27% do vinho top da marca.
(DÉBORA MISMETTI)