São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

Um selo para a aviação


Não é capricho nem excesso de exigência: temos o direito de viajar com condições mínimas de conforto


A AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO Civil (Anac) abriu discussão sobre a criação do Selo Dimensional, que identificará as aeronaves mais confortáveis e espaçosas das companhias aéreas brasileiras. Você pode dar suas sugestões no site www.anac.gov.br, até o dia 18 de setembro.
Pode parecer uma questão secundária, quando nos deparamos com atrasos e cancelamentos de voos, overbooking (venda de mais passagens do que lugares existentes no avião), além do temor quanto à segurança, que se acentua quando acontecem acidentes.
Mas não é capricho nem excesso de exigência. Temos, como consumidores, o direito de viajar com condições mínimas de conforto, que têm de ser expressas em valores: a Anac propõe que a distância entre poltronas, conhecida como "pitch", seja de pelo menos 66 cm (26 polegadas) -mesmo padrão da Inglaterra, único país com alguma regulamentação sobre o assunto.
Com relação a essa providência, só discordo que o selo seja opcional. Ele deveria ser obrigatório, pois envolve conforto e até proteção à saúde, já que voos longos podem causar desconforto para quem tem problemas circulatórios.
Se o passageiro tiver alta estatura ou peso acima da média, obviamente sofrerá ainda mais com poltronas pequenas, que mal permitem um natural movimento de braços e pernas durante o voo. Também entendo que não se deve admitir "pitch" inferior a 66 cm mesmo que a tarifa seja econômica ou promocional. Uma coisa é oferecer somente uma barra de cereal como lanche. Outra é obrigar o passageiro a aceitar poltronas desconfortáveis para economizar no preço do bilhete aéreo.
Já que a Anac teve essa boa ideia, poderia estender o selo às condições gerais da companhia aérea ou do voo, em relação ao consumidor, considerando itens como pontualidade, overbooking, qualidade do atendimento, facilidade para comprar pelas internet, limpeza e conforto do avião e, acima de tudo, investimento em treinamento de equipe e segurança das aeronaves.
Esse selo seria concedido por uma período de, digamos, três meses, e a companhia seria avaliada diariamente. Assim, os passageiros saberiam, antes de optar por uma ou outra oferta de voo, o que encontrariam pela frente.
Ainda mais agora, que o mercado está se recuperando, o que costuma tornar as empresas menos cuidadosas em relação a seus clientes.


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