São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Alta temporada de furtos em lojas

Ocorrências aumentam no fim de ano; problema atinge da padaria da esquina à grife de luxo

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Loja cheia com o movimento de fim de ano, vendedores atendendo vários clientes ao mesmo tempo e, de repente, aquela peça sobre o balcão... sumiu. Tanto a padaria da esquina quanto a butique sofrem com os furtos, problema que piora com a proximidade do Natal.
Os setores de perfumaria de supermercados e drogarias são os mais visados. "Lâminas de barbear e protetores solares são os campeões mundiais de furto", diz Luiz Fernando Dias Sambugaro, diretor da Gateway Security, multinacional que fornece sistemas de segurança para lojas.
Nas drogarias, os campeões são medicamentos com boa procura no comércio informal, como Viagra. Nas casas de material de construção, os setores mais visados são o de metais e o de ferramentas. Aparelhos de DVD, celulares e computadores são os mais procurados nas lojas de eletrônicos.
Para inibir a ação dos ladrões, os lojistas têm investido principalmente em câmeras de monitoramento e etiquetas eletrônicas. Na Fnac, os objetos em exposição ficam presos por cabos de aço. "Se o cabo for cortado, um alarme dispara na central", explica Marco Aurélio Moschella, diretor de organização, sistemas e informações.
"Nossos seguranças só abordam um cliente quando há 110% de certeza de que houve um furto", diz Moschella. Comprovado o delito, a empresa chama a polícia. Já foram flagrados jovens carentes, jovens ricos, universitários, senhoras e cleptomaníacos.

Estratégias
As táticas são as mais variadas. Uma muito comum é passar pelo caixa com um produto de preço bem menor, como um ventilador, e esconder na embalagem algo de maior valor, como um laptop.
As lojas também são vítimas de quadrilhas que agem até por encomenda. "No Norte, havia um grupo de moças que recebia salário mensal para furtar lojas", conta Sambugaro.
As quadrilhas são formadas por dois ou três integrantes. Enquanto um deles, geralmente malvestido, distrai o segurança, outro, discreto e bem-vestido, aproveita para agir.
Em lojas de roupas, a estratégia é pedir para ver muita coisa e furtar algo da pilha que se formou em cima do balcão. Ou levar várias opções ao provador e sair com algumas por baixo da roupa. As roupas íntimas são as preferidas nessa modalidade.
Hoje o varejo no Brasil tem prejuízo de R$ 4,4 bilhões por ano com furtos externos e internos (praticados por funcionários), segundo Patrícia Vance, coordenadora do Grupo de Prevenção de Perdas do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar-FIA).
Os furtos feitos por clientes e por funcionários representam 38,10% das perdas registradas pelo comércio, de acordo com pesquisa realizada pelo Provar-FIA. O valor médio de um produto roubado por clientes no Brasil é de R$ 153,53, enquanto nos EUA é de US$ 344 (cerca de R$ 590). "O foco no comércio americano atualmente é o crime organizado no varejo", diz.


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