São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

O fetiche da joia possível

Joalheria de shopping fica no meio do caminho entre a sofisticação e a tentativa de ser acessível

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Simbolicamente, quem usa uma joia se cobre das qualidades superiores atribuídas aos metais ou pedras de que ela é feita: pureza, nobreza, exclusividade. O fetiche, que a humanidade arrasta consigo mais ou menos desde a pré-história, chegou ao século 21 anacrônico, mas vivo.
Um de seus efeitos mais melancólicos pode ser visto nas vitrines das joalherias ditas mais acessíveis: para chegar a um produto supostamente barato, elas poupam tanto em design e material que as peças são tristes de tão inócuas e discretinhas. E nenhuma é exatamente uma pechincha. A Vivara é um caso diferente.
Em tese, em faixa de preço, fica a meio caminho entre a tradicional H. Stern e as mais populares. Na prática, tenta, ao mesmo tempo, sofisticar a imagem e ampliar o público. No primeiro intento, reedita "ações" empregadas antes pela concorrente mais chique, tipo usar personalidades como garotas-propaganda e/ou parceiros na criação de coleções. Às vezes, funciona: Gisele Bündchen como "rosto" foi boa jogada. Às vezes, derrapa: "A modernidade, versatilidade e atemporalidade da cor preta forma (sic) os conceitos chave no desenvolvimento da coleção", diz o site sobre coleção de Cristiana Arcangeli.
Dominadas por uma foto gigante da gata da vez, Grazi Massafera, as lojas oferecem atendimento individual a quem esperar por uma vendedora. No Villa-Lobos, numa tarde de sábado, elas eram três e insuficientes. O design das peças é menos tímido do que a média; mas, em geral, tende a um clássico que também poderia ser chamado de convencional.
Peço anéis só de ouro; em dez minutos, a moça não desenterra mais do que cinco, todos com aros ou esferas sobrepostas. E mesmo o mais diferentão, de fios de ouro trançados, poderia ter saído da caixa de joias da minha avó.
O mais barato custa R$ 1.600, em 15 pagamentos sem juros. Por pouquíssimo mais, descubro em casa, se compra na H. Stern um anel de aros curvos e irregulares, de ouro, assinado por Oscar Niemeyer. Fetiche por fetiche, fico com o do design.


ONDE ENCONTRAR

Vivara
av. Nações Unidas, 4.777, shopping Villa-Lobos, tel. (11) 3021-6271, São Paulo




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