São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

LEVE PANO, GANHE CROQUI

Loja de tecido das antigas tem time de estilistas ‘residentes’


Quem não tem 'modista' alimenta os sentidos com mil tons de musseline, georgette, cetim de seda e rendas...

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A GJ Tecidos Finos é dessas lojas paulistanas que deviam ser tombadas pelo patrimônio histórico. Não exatamente pelas virtudes arquitetônicas do espaço físico, um predinho sombrio na Ladeira Porto Geral. Mas sim pela tradição de 70 anos vendendo tecidos que, dizem os entendidos, só se acham lá. E basicamente do mesmo jeito de antes, o que inclui os serviços, hoje à beira da extinção, de um time de estilistas residentes que ajuda quem precisa acrescentar um bom dado de realidade a um sonho de vestido de noiva ou madrinha.
Não que eles saiam desenhando assim, qualquer roupa para qualquer pessoa que se disponha a esperar na fila, atrás de pares tensos de mães e filhas e de famílias que se revezam para entreter o bebê enquanto a irmã-noiva reavalia o modelo trazido na revista. Para ter direito a um croqui, é preciso fechar negócio, arrematar o tecido e o que mais o modelo "social" pedir: rendas, forros, véu. Aos indecisos, resta a opção de uma simpática consultoria gratuita, que a loja não nega nem em meio à loucura do sábado, quando lota e fecha às 13h.
"Vou a um casamento e quero um look oriental", manda uma madrinha renitente. Educado, Marquinhos, o estilista, humilha: "Mas qual oriental? Chinês, japonês, russo?" Depois volta à realidade e sugere um miniquimono de tecido liso com obi (a faixa que vai na cintura) de passamanarias, das quais a loja oferece muitas; ou inteiro de um jacquard francês espetacular, a R$ 180 o metro. A madrinha vai pensar no assunto, mas eu acho a sugestão melhor que a encomenda.
Esteja-se ou não a título de casar ou gastar fortunas em tecido, a GJ vale a pena. Quem tem "modista", que é costureira no jargão local, se diverte mais e erra menos. Quem não tem alimenta os sentidos com os mil tons de musseline, georgette e cetim de seda, os linhos e algodões bordados importados da Índia e da Indonésia (alguns em oferta por R$ 18 o metro) e as rendas guipure que dão vontade de enquadrar e pôr na parede. Com tanta inspiração, ninguém liga para a tortura que é mover-se por corredores poloneses de jérseis e lãs.


ONDE ENCONTRAR
GJ Tecidos
ladeira Porto Geral, 73, Centro, tel. (11) 3325-0000, São Paulo
www.gjtecidos.com.br



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