São Paulo, sábado, 06 de outubro de 2007

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Bagagem (compras mundo afora)

Saem os açougues, entram as grifes

Estilistas como McQueen e Miele adotam a 14th Street, no Meatpacking District, o novo bairro hype de Nova York

ALCINO LEITE NETO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Brasileiros endinheirados adoram fazer compras em Nova York, mas é raro vê-los circular pelo quarteirão da 14th Street que fica entre a Nona e a Décima Avenida, no Meatpacking District. Pois deveriam. Ali fica atualmente um dos pontos mais badalados pelos fashionistas nova-iorquinos.
Só para se ter uma idéia, estão instaladas no local as lojas dos estilistas britânicos Alexander McQueen e Stella McCartney, a Black Label Store da Puma, a La Perla, a multimarcas hype Jeffrey e as0flagships da americana Diane von Furstenberg e do brasileiro Carlos Miele.
A loja de Miele foi das primeiras a abrirem na rua, em 2003. O projeto do arquiteto Rani Rashid ganhou vários prêmios, e é de longe o mais inovador do local.
A loja de Diane von Furstenberg é a mais recente, e ocupa a esquina da 14th com a Washington Street. Segundo a consultora de moda Gloria Kalil, amiga de Diane, é lá mesmo, no topo do edifício, que a estilista vai morar, numa casa de vidro.
Até os anos 80, o Meatpacking District, como diz o próprio nome, era a região de matadouros e de depósitos de carne de Nova York. No início dos 90, o bairro foi reurbanizado, e começaram a aparecer as primeiras lojas chiques, os restaurantes modernosos, os hotéis finos e os novos prédios de apartamento. Antes, morar por ali era uma condenação. Hoje, é um luxo.
"Abri a loja na mesma época que o McQueen e a Stella McCartney. A rua só tinha açougue e matadouro, além de putas, travestis e algumas galerias de arte. O cheiro de carne dominava o local", conta Miele, que se encantou tanto pelo lugar que comprou um apartamento perto da sua loja.
Ele se decidiu pelo Meatpacking há quatro anos, porque o aluguel era barato e os espaços, generosos. Hoje, um ponto ali custa quatro vezes mais caro que no Soho.
"Em 2003, quase não tinha clientes. Eram pessoas muito especiais que iam até lá", diz o estilista. Pudera. Entre uma loja e outra, você poderia se deparar com um quarto de boi passando na sua frente.
O movimento agora é mais sofisticado, apesar de a 14th ainda ser uma rua "in progress". Quem passa por lá se depara com caminhões e canteiros de obras, como o do número 459, onde será criado o Milk at High Line, espaço de 40 mil m2 para lojas.
Mas a principal surpresa está por vir. É a megaloja que a Apple vai construir, levando a 14th a abandonar definitivamente o mundo sanguinolento das carnes e a entrar para o reino das virtualidades.


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