São Paulo, sábado, 07 de novembro de 2009

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CAPA/GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]

Isso que é pão fresco

Versão com colágeno surge ao lado de pães com apelo de alimento funcional e embalagem sustentável

Marcelo Justo/Folha Imagem


MALU TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não basta mais que o pão seja um alimento saudável. Para conquistar consumidores cada vez mais preocupados com o que comem, a indústria de panificação tem investido em produtos turbinados. A Seven Boys acaba de lançar aqui o primeiro pão com colágeno hidrolisado. É vendido com a promessa de ajudar nos cuidados com a beleza, já que a proteína dá firmeza e elasticidade à pele.
Segundo a gerente de marketing da Seven Boys, Lisiane Cohem, esse é um alimento nutricosmético, ou seja, tem substâncias que servem para melhorar a aparência de dentro para fora. "Seguimos uma tendência mundial. Cosméticos para beber e comer já são realidade em outros países. Mas o Brasil tem leis muito rígidas, que não deixam a indústria alimentícia avançar", diz Lisiane.
De fato, alimentos que têm função cosmética ainda não são reconhecidos por aqui. "Essa classe de produtos ainda necessita de trabalhos com evidências científicas para validar seus benefícios", diz a nutricionista Tanise Amon, do Instituto de Metabolismo e Nutrição.
"É importante consumir colágeno a partir dos 30 anos, quando as mulheres começam a perder essa proteína. O ideal é ingerir o colágeno com frutas, que ajudam na absorção", diz Jocelem Salgado, pesquisadora e professora de Nutrição Humana da Esalq-USP e presidente da Sociedade Brasileira dos Alimentos Funcionais.
Segundo a especialista, é preciso consumir dez gramas de colágeno hidrolisado por dia para que haja melhora significativa na pele e nas articulações. Duas fatias do novo pão têm apenas um grama da proteína, o equivalente a um potinho de gelatina.
Outros lançamentos do gênero são da linha Estar Bem, da Wickbold, única empresa a ter o registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na categoria pão funcional. As novidades são o pão de aveia com linhaça e o pão de forma branco -criado para atrair crianças e adolescentes com aversão a pão integral, segundo Sandra Sernaglia, gerente de marketing da empresa.
Um alimento pode ser considerado funcional quando, além de nutrir, é capaz de afetar beneficamente uma ou mais funções no corpo, melhorando a saúde e o bem-estar ou reduzindo o risco de doenças. Uma das exigências da Anvisa para que um pão seja definido como funcional é a presença na fórmula de mais de três gramas de fibras, que ajudam a digestão.
Se o diferencial do Seven Boys é o colágeno, o da linha Estar Bem da Wickbold é a inulina, substância que contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Mas seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada. "É um carboidrato que alimenta as bactérias boas, melhorando o trânsito intestinal. A inulina já é usada em alguns leites e queijos", diz a especialista em fibra alimentar Andrea Guerra, doutora em nutrição pela USP.
Já a Nutrella criou neste semestre a linha 100% Integral. São três sabores: ameixa com iogurte, grãos com castanha e 14 grãos. Os pães não têm conservantes artificiais e são feitos com açúcar demerara, que passa por um refinamento leve.
Mas o grande diferencial da linha é a embalagem, de polietileno com aditivo pró-degradante. Segundo a empresa, ela se desintegra em até cinco anos após o descarte. Já o plástico convencional leva mais de cem anos. "É o primeiro pão com embalagem 100% degradável", diz Bruna Tedesco, gerente da empresa. Segundo ela, foi feito para um consumidor "antenado", que cobra uma "postura consciente" das empresas.


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