São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2008

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O "TELEFONE ESPERTO" TROCADO EM MIÚDOS

Antes de ceder à tentação da hora, compare aparelhos e planos e veja se você precisa mesmo de um iPhone

DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A coisa mais difícil de fazer com um iPhone é telefonar: até falar com alguém você passa por mais etapas do que em um celular comum. Transferir arquivos por conexão sem fio Bluetooth é impossível. Mas pouca gente liga para esses "detalhes". A mania de iPhone tem deixado consumidores do mundo todo hipnotizados com o design, a tela sensível ao toque e a interface cheia de ícones "fofinhos", que balançam quando são mudados de lugar.
O arquiteto Renato Pimenta, 34, foi "convertido" a iPhonemaníaco em uma viagem aos Estados Unidos. "Eu não queria comprar, achava uma chatice.
Mas peguei um nas mãos e não deu para resistir. Fiquei mexendo nos mapinhas, nas fotos", diz. Na época, o iPhone não era vendido no Brasil. O arquiteto pagou US$ 399 pelo modelo da primeira geração (antes do 3G) e desbloqueou o aparelho com a ajuda de sites que ensinam a "hackear" o celular. Se antes Pimenta trocava de telefone toda hora, agora diz que só vai substituir o iPhone por outro. Só não pretende gastar a quantia necessária para um modelo 3G, por enquanto.
O preço (entre R$ 899 e R$ 2.599, dependendo do plano da operadora) tem sido motivo dos maiores protestos contra o aparelho da Apple. Não que os similares sejam baratos. Mas, enquanto os outros modelos que acessam internet e tocam música -os chamados smartphones- parecem calculadoras científicas desajeitadas, o iPhone é desenhado para ser objeto de desejo.
O esforço de comprar o telefone fora do Brasil, por um preço menor, não vale a pena no caso do novo modelo 3G. Só moradores dos EUA podem comprar o iPhone com 8 gigabytes de memória por US$ 199 (R$ 480), mas ainda precisam assinar um contrato de dois anos com a operadora AT&T e pagar no mínimo US$ 69,90 por mês. O total de gastos, ao final do contrato, é de US$ 1.878 (R$ 4.305). O único jeito de comprar lá e usar aqui sem quebrar regras seria comprar pré-pago, ainda não disponível nos EUA. Em Hong Kong, a Apple vende o pré-pago desbloqueado por US$ 600 (R$ 1.444), só para moradores.
Os blogs sobre tecnologia têm aproveitado os preços altos do iPhone e a corrida às lojas para espinafrar o aparelho.
Caiu no site Google Discovery um quadro comparativo entre um iPhone e um chuchu. Para o criador da brincadeira, a única vantagem que o telefone tem sobre o vegetal é a "touch screen". No resto, o celular se iguala em todos os quesitos: não funciona como rádio, não permite expansão de memória, não se conecta com outros aparelhos via Bluetooth, e é bem mais caro que o chuchu.
O blogueiro Maddox, do "The Best Page in the Universe" (maddox.xmission.com), gastou um bom espaço para esculhambar o iPhone com xingamentos impublicáveis. Fez até um cartoon de si mesmo abraçando seu Nokia E70, que roda programas mais úteis, na opinião dele.


Colaborou CYRUS AFSHAR, da Reportagem Local


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