São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Luxo só

É duro ser babá de bilionário

Empresa inglesa especializada em vender mordomias exclusivas e realizar caprichos absurdos de gente endinheirada promete abrir uma filial em São Paulo

DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ricos podem tudo. Quem discorda precisa conhecer a Quintessentially. A empresa, baseada na Inglaterra, se define como um "concierge", ou mordomo, global. O cardápio de serviços vai desde a elaboração de roteiros de viagens feitos sob medida até a realização de desejos bizarros, como a construção de uma batcaverna na casa de um cliente. O negócio deles é baseado no princípio de que, pagando, os ricos podem tudo.
O fundador da Quintessentially, Aaron Simpson, esteve em São Paulo no início do mês para falar aos empresários do mercado de luxo, na conferência temática Atualuxo, e deu entrevista à Folha, por telefone, antes de desembarcar no país. Ele diz que a empresa funciona como um clube: os membros pagam anuidades (até US$ 50 mil pela mais completa), que dão direito a aproveitar serviços exclusivos em todos os mais de 50 países em que a rede está presente.
Um dos itens mais populares, segundo Simpson, são as viagens em esquema privê. "É como ter um melhor amigo em qualquer lugar. Nosso clientes são bem cuidados, sabem onde devem se hospedar, comer. Fazemos questão de que fiquem bem informados", afirma.
Mas a parte mais interessante da Quintessentially é a realização dos desejos excêntricos de seus membros. A lista de pedidos atendidos incluem a construção de uma sala secreta semelhante à batcaverna, por um orçamento de 7 milhões de libras (cerca de R$ 20 milhões), e a organização de uma festa de aniversário dentro de um jato particular rumo a Marraquesh.

Ao gosto do Prince
Emergências também estão no pacote. Um cliente que esqueceu as calças risca-de-giz para usar com seu fraque recebeu outro par perfeito, bem a tempo para não perder uma festa no palácio de Buckingham. As celebridades também não perdem o bonde: a equipe de Simpson achou uma casa toda decorada de roxo para uma visita do cantor Prince a Londres. Nada mais que a obrigação, para quem tem clientes com US$ 30 milhões em saldo de investimentos, segundo Simpson. "Existem pessoas que economizam moedinhas para comprar uma bolsa. Nossos clientes podem arcar com o tipo de vida que servimos", diz.
As marcas das bolsas mencionadas pelo diretor da Quintessentially já perceberam o poder da oferta de serviços exclusivos. Simpson tem como clientes corporativos Cartier, Armani, Jaguar e Gucci. Consumidores preferenciais dessas marcas podem usar serviços como viver uma semana em uma missão no estilo James Bond, por meio da Quintessentially. "Nosso trabalho ajuda nas medidas antifalsificações que as grifes de luxo estão implementando. Não podemos ser copiados", diz Simpson.
De fato, não há muita gente que vende mordomias malucas como o "Quintessentially Secure": neste caso, o afortunado paga para ser treinado por ex-policiais em técnicas anti-seqüestro, e ser raptado e resgatado. "Alguns vêem como diversão, outros fazem porque viajam para áreas de risco".
Em cerca de três meses, os ricos brasileiros vão ter uma filial da Quintessentially em São Paulo, segundo disse seu fundador. O empresário tem aproveitado a onda de enriquecimento nos mercados emergentes. Abriu, recentemente, um escritório em Mumbai, na Índia. "Lá são criados mais bilionários por mês do que em qualquer país do mundo. Como é tudo recente, eles ainda estão inseguros quanto ao status de sua riqueza", diz Simpson. Ele afirma que os bilionários indianos não conseguem usufruir os privilégios da vida boa. Para resolver isso, lá está a Quintessentially, para abrir as portas das maravilhas exclusivas.
Quanto ao Brasil, ele diz não conhecer muita coisa, mas dá seu palpite. "Acho que vocês sabem aproveitar bem a vida."


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