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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]
Usado não: "reciclado"
Roupas de segunda mão, novos estilistas e discurso-cabeça
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cheira a tinta fresca e a excesso de conceito a Super Cool
Market, que abriu outro dia. A
quem titubeia na porta, sem saber do que se trata -se loja de
grifes moderninhas, se brechó
repaginado- a bula na parede
explica que lá "você pode vender aquela roupa bacana que já
enjoou, comprar outras tão legais quanto e reciclar seu visual
economizando dinheiro". E declara: "Acreditamos em uma
nova forma de consumo mais
consciente: pagar menos, estar
sempre na moda e evitar o desperdício, aumentando a vida
útil de cada peça".
"Consumo consciente" e "estar sempre na moda" não são lá
duas ideias que se biquem; mas
promover o escambo de roupas
e as trocas na base do seis por
meia-dúzia, tão em voga entre
mulheres esclarecidas mundo
afora, é bem legal.
Além de vender peças "recicladas" (usadas, porém limpinhas) e criações novas de estilistas idem, eles compram roupas de segunda mão "com a cara da loja".
Se o ambiente é despojadão,
com lambe-lambes nas paredes
e som no talo, preços e oferta
não são de brechó "stricto sensu", daqueles caóticos, onde se
encontraria um suéter de cor
incrível, corte razoável e furos
discretos por R$ 12. "A cara da
loja" são peças de marcas "bem
na fita", tipo Ronaldo Fraga e
Alexandre Herchcovitch.
Os preços regulam com os de
pontas de estoque: uma camiseta G de manga plissada custa
R$ 46; uma camiseta Daslu preta e com zíper na gola, R$ 59.
Fugindo de armadilhas "recicladas" de marca, há bons achados mesmo para quem passou
da faixa etária vocacional da loja, de vinte a trinta e poucos.
Como o vestidinho Fábia Bercsek de verão (R$ 35), a pelerine
de sarja (R$ 40) e a camisa furadinha Giorgio Armani (R$ 79).
Já os estilistas novos não são
tão novos a ponto de achar que
não podem cobrar R$ 200 por
um vestido de algodão e R$ 50
por uma T-shirt. Melhor esperar que alguém os recicle.
ONDE ENCONTRAR
Super Cool Market
r. Purpurina, 219, Vila Madalena
tel. (11) 3031-1663, São Paulo
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