São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

GRUPO DE APOIO À COMPRA

Shopping de luxo oferece serviço de consultoria de consumo


Sou apresentada à designer que mistura materiais incríveis com resultados que custam os olhos da cara e que, por sorte, não são a minha

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Até dezembro, o shopping Cidade Jardim está oferecendo de graça, a quem interessar possa, duas horas com uma dupla de "personal shoppers", profissional da hora que usa conhecimentos de estilo, tendências, tecidos e códigos sociais para ajudar o próximo a comprar. Ligo para marcar um teste e um rapaz simpático me faz meia dúzia de perguntas do tipo "Sapato alto ou baixo?" e "Como você definiria seu estilo?".
"Casual cultural", invento, só para ver como as moças se saem. Deve ter sua verdade: no dia aprazado, elas me reconhecem na hora. Antes do tour, há um café-cortesia, no qual tentam descobrir, com tato e simpatia genuínos, do que preciso e de qual planeta venho. Conto que minha loja preferida fica na Vila Madalena. O nome do bairro cala fundo. Quando debatem onde me levar, uma diz à outra: "Isso não, ela é Vila Madalena!" Na primeira loja, as duas me instigam a provar uma calça que escolhi, me fazem mostrar como ficou e, afinal, emitem um bom prognóstico sobre um probleminha de caimento. "Isso laceia, é linho."
Só não me irritar, na situação, já seria uma proeza. Mas elas ainda são agradáveis e fazem a vendedora prometer ajustar a peça e, se lacear, reajustá-la, sem cobrar.
Na próxima parada, sou apresentada a uma designer de sapatos que mistura materiais incríveis -couro de cobra, osso-, com resultados que custam os olhos da cara, e que, por sorte, não são a minha. Vagamos por entre vitrines e elas mostram que aprendem rápido. "Essa aí é uma patricinha do Rio", indicam, por desencargo. "Quer tentar?"
Acabam achando o caminho até as lojas que são meu fraco, e que eu nem havia mencionado. Em uma, me atraco com uma sandália de dois salários mínimos e sem muita chance de sair do meu armário; na outra, atazanando o funcionário com minha descrição de calça, desencavam o par perfeito, que ajeitam na minha cintura de um jeito surpreendente.
Deixamos a peça "separada". A seção termina com um "balanço", em que elas me dispensam do sapato, mas defendem as calças. Então fico sozinha e à vontade para arrematá-las ou sair à francesa. O que faço, ainda que com as ditas-cujas grudadas no cérebro. E pasma. Se há uma coisa que eu achava que não precisasse era de ajuda para comprar.


ONDE ENCONTRAR
Shopping Cidade Jardim

Av. Magalhães de Castro, 12.000, tel. (11) 3552-1000, São Paulo




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