São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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BAGAGEM [compras mundo afora]

Meca da barganha

Istambul é centro de consumidores e vendedores obssessivos-compulsivos

Éder Medeiros/Folha Imagem
PRATO com pintura estilo selshukiano, menos comum. Foi arrematado no Arasta Bazar

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mãe de todos os shoppings e padroeira dos camelódromos, Istambul é a capital da barganha e do Grande Bazar, paraíso-manicômio de consumistas do mundo todo e comerciantes obssessivos-compulsivos.
Comprar na antiga sede do Império Otomano (a atual capital da Turquia é Ancara) é tão obrigatório quanto visitar a Aya Sofia (catedral bizantina do século 6 d.C.), a Mesquita Azul e o Topkapi (palácio dos sultões otomanos). E, claro, o Gran Bazaar, uma minicidade coberta, com mais de 4.000 lojas.
Não dá para não ir, apesar de, no final das contas, você sair de lá com a sensação de ter caído em uma armadilha para turistas. Para quem consegue resistir, o ideal é dar uma volta regulamentar pelo Gran Bazaar, para conhecer e ter uma noção básica dos preços. Depois, fazer uma varredura pelas lojinhas nas ruas em volta. E não é que você vai encontrar os mesmos potinhos pintados no estilo iznik, com suas estilizações de tulipas e crisântemos? E não é que o preço está um pouquinho melhor do que no Gran Bazaar?

Tudo se negocia
Aí começa outro programa compulsório em Istambul, a prática da barganha. O vendedor vai dar um preço, você vai achar caro, e o assunto será animadamente discutido até as partes chegarem a um acordo.
Nem pense em levar vantagem, eles têm séculos de prática na arte. O melhor é escolher algo que lhe agrade, sem se preocupar muito com a autenticidade e não demonstrar excessivo interesse. A determinada altura, o vendedor vai lhe oferecer "tchai", o chá preto. É bem amargo, e recusar não é considerado ofensa. Ofensivo é levar adiante uma negociação se você não vai levar mesmo o produto. É a regra número um da etiqueta da barganha.
A número dois é pagar sempre em novas liras turcas, a moeda local. As lojas aceitam euros e dólares, mas a cotação é sempre pior do que nas casas de câmbio. Terceiro: no decorrer da negociação, avise que vai pagar em dinheiro, e não com cartão de crédito. Era isso mesmo que o lojista estava esperando, mas é a deixa para ele dizer "ah, nesse caso, o preço é menor".
Com um pouco de experiência adquirida nas negociações, dá para fazer boas compras no Arasta, bazar a céu aberto ao lado da Mesquita Azul. Os preços são um pouco mais altos, mas os produtos são de qualidade superior ao do vale-tudo do comércio turco. Entre as lojas, há uma só de tecidos com uma das melhores seleções de lenços, xales, véus e afins. Xales bordados à mão e estampados podem sair caros, mas as pashminas lisas, em todas as cores imagináveis, têm o mesmo preço das vendidas pelos camelôs.
No Bazar das Especiarias, versão reduzida -e mais agradável- do Gran Bazaar, não há como não perder o controle frente às pirâmides de figos secos, damascos, tâmaras e "Turkish Delight", cubinhos de consistência gelatinosa, perfumados com água de rosas e recheados de pistache, avelã, nozes e outras oleaginosas. Mas quem vai até lá para se controlar?


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