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Muvuca de mães e bebês
Repórter conta sua estreia em liquidação de loja infantil
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não sou rata de liquidação,
ao contrário. Mas sou mãe...
Era o primeiro dia da liquidação da Alô Bebê. Quem viu imagens do Magazine Luiza, com
gente abraçada a geladeiras,
pode imaginar. Cheguei à loja
da Aclimação às 10h, uma hora
após a "abertura dos portões".
Os manobristas já corriam
no leva e traz, uma vez que as
vagas na porta nada significavam em meio àquele rush. E o
embarque e o desembarque,
nessas lojas, têm seu ritmo.
Muitos chegam com bebês presos às cadeirinhas, e levam, no
porta-malas, carrinhos para
conduzir os pobres ao caos.
Na loja, uns choravam em colos de mães, ou de pais e avós
convocados para apoiar a operação. Outros, felizes, engatinhavam entre pilhas de roupas
e se apoiavam em montes de
caixas para levantar e cair.
Decidi ser prática. Fernando,
que foi escolher a roupa da sua
festa de 5 anos, não merecia
aquilo. Fomos às araras do número seis, e do um, para Henrique. Em 15 minutos, minha
cesta estava cheia. Só pagar.
Olhei a fila: o fim era quase na
rua e, numa loja de grávidas e
mães com bebê no colo, ninguém passa na frente. Mais de
uma hora, calculei.
Fui à gerente. Eram 10h30,
tinha de trabalhar às 11h. Poderia guardar a cesta para eu buscar depois? Deixaria cartão,
RG, cheque. "É proibido reservar. Só se deixar num canto e
ninguém mexer", sugeriu.
Convoquei Fernando, que
quer ser espião quando crescer,
para buscar o esconderijo. Na
seção de brinquedos, dentro de
um berço... Tudo era arriscado.
Achamos um armário alto perto dos provadores. A questão
era conseguir colocar a cesta lá.
"Se eu te levantar, você consegue, filho?" Ele tentou segurar a cesta. "Pesada, mãe." Passou um pai com mais que meu
1,60 m, que monitorava a correria do filho enquanto a mulher
se jogava nas ofertas. Também
não alcançou. O jeito foi pedir o
banco em que uma mãe estava
sentada. Como há gente solidária em uma guerra...
A cesta foi entocada, Fernando, deixado em casa, e eu fui
trabalhar, nós dois torcendo
pelas roupinhas. Perto das 19h,
encarei os manobristas outra
vez e corri ao armário. Tudo estava lá e ainda havia uma poltrona de pelúcia da Hello Kitty
que usei de escada. "Só" uns 20
minutos de fila para pagar, outros 20 para pegar o carro, e lá
fui eu, feliz, contar ao meu espião que nosso plano deu certo.
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