São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]

TUDO DE MÉDIO

Megapapelaria apenas sugere fartura de escolhas

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Diz o site que Kalunga é "tudo de bom" em banto, dialeto africano. Não duvido, mas também não concordo. Com tanto espaço e tanto endereço, a megaloja de itens para escritório, escolares e adjacências poderia ser mesmo a papelaria dos sonhos do consumidor -aquela onde se acham opções pelo menos ótimas de tudo o que se precisa e de tudo o que não se precisa. Na prática, porém, a onipresente Kalunga não vai muito além de quebrar bem um galho, com surpresas ocasionais em setores específicos.
Há algo de frustrante nas lojas da rede. Organizadas como supermercados, com gôndolas sinalizadas que anunciam de canetas a fitilhos, sugerem uma fartura de opções que, afinal, não se materializa. Na temporada de caça ao material escolar, a filial da Vila Leopoldina oferecia quantidades industriais de um único modelo de caderno universitário de capa lisa, em meio a desenhos japoneses e garotas de biquíni. E nem se aprofundando na "baciada" de estojos dava para pescar uma alternativa ao tedioso modelo de náilon, em rosa com corações (meninas) ou preto com motivos jiu-jítsu (meninos).
Em se tratando de itens de papelaria, a carência crônica de opções de bom gosto, bom design e bom preço -que dirá inventivas- não começa nem termina na Kalunga. À exceção de marcas sacudidas como Conffetti, Lumi e Maped, todas à venda na rede, a indústria brasileira de papelaria acredita mais em "enfeitar" do que em aprimorar ou renovar.
Ainda assim, a loja poderia investir em uma seleção diferenciada de itens como agendas, "mouse pads" e organizadores, dos quais vende, há anos, os exatos mesmos. Em vez disso, tem preferido expandir a oferta para um espectro peculiar de áreas "correlatas", incluindo material de limpeza e "artigos para "coffee break'".
Em meio às estranhas gôndolas que resultam do "mix", contendo bombons, sacos de lixo e Listerine, restam ao consumidor a boa seleção de papéis especiais, plásticos e envelopes, a seção de lousas e quadros brancos, e surpresas como um estoque consistente do delicioso incenso indiano Nag Champa (R$ 9 a caixa), que anda escasso, e uma versão moderninha, importada, do velho rotulador mecânico (R$ 29). Esses, sim, são "kalunga".


ONDE ENCONTRAR
Kalunga
Tem 40 lojas em São Paulo, interior, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Vende on-line no www.kalunga.com.br



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