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Bom é ser pão-duro
DA REPORTAGEM LOCAL
Todo consumidor sabe
que não existe nada grátis.
Mas barato, é bom que haja.
O barato está na moda, e o
consumo exibicionista está
por fora. Essa tendência, que
emergiu há alguns anos, e
ganhou difusão a partir de
2007, já foi batizada de essencialismo, simplicidade,
nova austeridade. Agora, reforçada pela crise global,
veste "neofrugalismo".
O relatório de tendências
da consultoria de mercado
Mintel para 2009, por exemplo, afirma que o preço voltou a ser a principal preocupação dos consumidores na
hora de comprar comida.
Hábitos como cozinhar em
casa e costurar estão de volta
com tudo e abastecer a despensa em atacados não é
vergonha para ninguém.
O mesmo vale para comprar roupas em lojas de departamentos, que já acostumaram o frequentador a
buscar por lá linhas assinadas por estilistas de renome
da indústria do luxo, como
Stella McCartney ou Alexander McQueen.
Para Elizabeth Salmeirão,
diretora de varejo da consultoria de mercado TNS InsterScience, o efeito psicológico da retração mundial
tem consequências antes
mesmo da chegada das contas no fim do mês. "Muita
gente, mesmo sem saber o
conteúdo da crise, sabe que
ela existe. Há uma comoção,
então ninguém vai sair gastando, especialmente em
itens mais caros", diz.
Para Paulo Al-Assal, diretor da Voltage, a disponibilização de produtos e serviços
gratuitos por parte das empresas e a demanda dos consumidores por gratuidade
ou preços baixíssimos têm
origens distintas. "Para a
empresa, dar um serviço a
mais, que não tem a ver diretamente com o ramo de atividade principal, é criar fidelidade, e não atender a essa
exigência do consumidor
por preço quase zero", diz.
Do ponto de vista de quem
compra, no entanto, a percepção é de aumento da
oferta de pechinchas e das
oportunidades de economizar em quase tudo.
Um "pão-durismo" seletivo, hoje em dia, é considerado consumo consciente.
"Hoje é visto como mais inteligente quem sabe gastar
menos", diz Al-Assal.
A questão, para ele, é se os
produtos que embarcarem
cegamente na onda "free"
não vão acabar desvalorizados. "Ao mesmo tempo em
que o consumidor demanda
mais coisas de graça, também teme que o de graça não
seja o melhor."
(DM)
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