São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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Qual é o seu luxo?

Pesquisa mostra os cinco estágios dos consumidores de alto poder aquisitivo. Veja em que nível de luxo você se encaixa

DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A perua coberta de grifes e jóias é só a base da pirâmide. Estudo do birô inglês de tendências The Future Laboratory traça cinco perfis do consumidor de luxo. Esses perfis, construídos a partir de pesquisas, desenham uma escala de comportamentos e evidenciam o crescimento daquilo que vem sendo chamado de "novo luxo".
Tudo começa com o encanto por grifes e preços altos. "É ostensivo, tudo tem que ter diamantes. É bem Daslu", diz Paulo Al-Assal, diretor da Voltage, que representa a Future Lab aqui. Nessa primeira fase está a maior parte dos ricos na China, nos países árabes e no Brasil. "A pessoa pensa: "eu mereço'", diz.
"A marca funciona como senha de entrada para o primeiro nível do luxo", diz o mercadólogo Ismael Rocha, coordenador do curso de marketing de luxo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
No segundo estágio do luxo, detectado na costa leste dos EUA e, em emergência, no Brasil e na Rússia, a questão é consumir com conhecimento de causa. "É o cara que não vai comprar o vinho de R$ 3.500 para mostrar para os outros. Ele compra um por R$ 80, porque sabe o que é bom", diz.
Esse consumidor se importa com qualidade. Também é o fashionista que conhece moda e pauta suas compras por suas informações, não pela marca. "O relógio desse cara é Panerai, não Rolex. Ele sabe o que é um super-relógio", diz Al-Assal.
No terceiro degrau, o consumo é focado em experiências relacionadas às compras, que se transformam em estilo de vida. Nesse estágio, presente na Europa, no Japão e, em fase emergente, na China e nos EUA, entram as preocupações culturais. "A busca é por um produto artesanal, vintage", diz Al-Assal. Colecionadores de raridades ilustram o grupo.
O empresário Eduardo Ghelfond, 49, é um exemplo. Coleciona relógios Omega. "Quando eu tinha 10 anos, o homem pisou na Lua, e os astronautas usavam um modelo dessa marca", diz Ghelfond. O modelo Speedmaster, de 1957, motivou uma coleção de 1.500 peças.
O quarto tipo é o "utópico", que se preocupa com os valores da marca. Quando escolhe um carro, opta por um modelo luxuoso, mas híbrido. Na moda, procura grifes associadas à sustentabilidade, como a inglesa Jonh Smedley, que lançou a linha de camisetas "Luxury Redifined", feita de algodão orgânico. Cada peça custa 109 libras (R$ 353). Esse grupo, presente na Europa e no Japão, flerta com o minimalismo e a austeridade. "É um consumo responsável", diz Al-Assal. Até onde o luxo permite, é claro.


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