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Devagar com a sopa pronta
Um prato chega a ter a metade da quantidade diária de sal recomendada para consumo,segundo pesquisa
feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor
Rafa Irusta/Shutterstock
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REPORTAGEM LOCAL
As sopas estão salgadas demais. Um prato de sopa industrializada pode ter até a metade
da dose diária de sódio recomendada pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária). Uma pesquisa do Idec
(Instituto Brasileiro de Defesa
do Consumidor) com 42 sopas
prontas, entre desidratadas,
instantâneas e congeladas de 18
marcas, mostra que quase 20%
delas têm sal em excesso.
Segundo a Anvisa, um adulto
deve consumir até 2.400 mg de
sódio por dia, o que equivale a
seis gramas de sal. A Agência
propõe, em consulta pública,
que alimentos que contêm
mais de 400 mg de sódio a cada
100 g ou 100 ml sejam consumidos com moderação.
Das sopas testadas, oito estão
acima desse limite: as desidratadas creme de cebola Jurema,
creme de tomate com ervas finas Pão de Açúcar, sopa de cebola Maggi, creme de cebola Kitano e canjão de galinha com
arroz e legumes Hikari; e as instantâneas de carne Jurema,
Missoshiru Tradicional Sakura
e Express clássica de legumes
com macarrão Qualimax.
As três sopas com menores
teores de sal são a instantânea
de abóbora com queijo Taeq, a
sopa pronta de cebola Taeq e a
sopa pronta de mandioquinha
Mambo.
A quantidade de sódio declarada nos 42 rótulos analisados
varia de 8% a 51% da recomendação diária para adultos. Se na
mesma refeição forem consumidos mais um pão francês e
uma colher de queijo parmesão
ralado, a ingestão de sódio sobe
para 28% a 71% da recomendação diária.
O excesso de sódio no organismo pode levar à retenção de
líquido, ao aumento da pressão
arterial e ao agravamento da hipertensão. Para pessoas idosas,
a ingestão deve ser mais controlada ainda, porque elas tendem a reter mais sódio e ficam
mais sujeitas a desenvolver hipertensão.
Sinal vermelho
A pesquisadora do Idec que
coordenou o estudo, Vera Barral Hiratani, sugere que as embalagens tragam símbolos nutricionais análogos às cores de
semáforos de trânsito, para facilitar a leitura dos rótulos e indicar quais alimentos podem
ser consumidos livremente e
quais não.
Um símbolo verde indicaria
produtos com baixos teores de
sódio e também de calorias,
gordura e açúcar; o amarelo estaria nos que têm níveis moderados, e vermelho serviria para
alimentos com valores altos
dessas substâncias.
Esse sistema é usado no Reino Unido por alguns fabricantes e supermercados que seguem as recomendações da Food Standards Agency, espécie de Anvisa local, que tem entre suas atribuições a regulamentação da rotulagem de alimentos.
Se esse critério fosse seguido
aqui, as sopas deveriam receber
a cor amarela, para indicar que
o consumo deve ser moderado.
Segundo a pesquisadora do
Idec, os consumidores precisam aprender a ler os rótulos e
também a exigir que os fabricantes facilitem essa leitura.
"Algumas tabelas nutricionais
ficam escondidas embaixo de
costuras", diz Vera.
Além do excesso de sal, a pesquisadora notou também que
as sopas têm baixos valores de
proteína, sendo pouco nutritivas, e contêm realçadores de
sabor. "O marketing das sopas
instantâneas, as "sopas de escritório", indicam um consumo intermediário, entre as refeições.
Mas esse tipo de sopa chega a
ter 37% do sódio recomendado
por dia", afirma Vera.
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