São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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Devagar com a sopa pronta

Um prato chega a ter a metade da quantidade diária de sal recomendada para consumo,segundo pesquisa feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor

Rafa Irusta/Shutterstock


REPORTAGEM LOCAL

As sopas estão salgadas demais. Um prato de sopa industrializada pode ter até a metade da dose diária de sódio recomendada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Uma pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) com 42 sopas prontas, entre desidratadas, instantâneas e congeladas de 18 marcas, mostra que quase 20% delas têm sal em excesso.
Segundo a Anvisa, um adulto deve consumir até 2.400 mg de sódio por dia, o que equivale a seis gramas de sal. A Agência propõe, em consulta pública, que alimentos que contêm mais de 400 mg de sódio a cada 100 g ou 100 ml sejam consumidos com moderação.
Das sopas testadas, oito estão acima desse limite: as desidratadas creme de cebola Jurema, creme de tomate com ervas finas Pão de Açúcar, sopa de cebola Maggi, creme de cebola Kitano e canjão de galinha com arroz e legumes Hikari; e as instantâneas de carne Jurema, Missoshiru Tradicional Sakura e Express clássica de legumes com macarrão Qualimax.
As três sopas com menores teores de sal são a instantânea de abóbora com queijo Taeq, a sopa pronta de cebola Taeq e a sopa pronta de mandioquinha Mambo.
A quantidade de sódio declarada nos 42 rótulos analisados varia de 8% a 51% da recomendação diária para adultos. Se na mesma refeição forem consumidos mais um pão francês e uma colher de queijo parmesão ralado, a ingestão de sódio sobe para 28% a 71% da recomendação diária.
O excesso de sódio no organismo pode levar à retenção de líquido, ao aumento da pressão arterial e ao agravamento da hipertensão. Para pessoas idosas, a ingestão deve ser mais controlada ainda, porque elas tendem a reter mais sódio e ficam mais sujeitas a desenvolver hipertensão.

Sinal vermelho
A pesquisadora do Idec que coordenou o estudo, Vera Barral Hiratani, sugere que as embalagens tragam símbolos nutricionais análogos às cores de semáforos de trânsito, para facilitar a leitura dos rótulos e indicar quais alimentos podem ser consumidos livremente e quais não.
Um símbolo verde indicaria produtos com baixos teores de sódio e também de calorias, gordura e açúcar; o amarelo estaria nos que têm níveis moderados, e vermelho serviria para alimentos com valores altos dessas substâncias.
Esse sistema é usado no Reino Unido por alguns fabricantes e supermercados que seguem as recomendações da Food Standards Agency, espécie de Anvisa local, que tem entre suas atribuições a regulamentação da rotulagem de alimentos.
Se esse critério fosse seguido aqui, as sopas deveriam receber a cor amarela, para indicar que o consumo deve ser moderado.
Segundo a pesquisadora do Idec, os consumidores precisam aprender a ler os rótulos e também a exigir que os fabricantes facilitem essa leitura. "Algumas tabelas nutricionais ficam escondidas embaixo de costuras", diz Vera.
Além do excesso de sal, a pesquisadora notou também que as sopas têm baixos valores de proteína, sendo pouco nutritivas, e contêm realçadores de sabor. "O marketing das sopas instantâneas, as "sopas de escritório", indicam um consumo intermediário, entre as refeições. Mas esse tipo de sopa chega a ter 37% do sódio recomendado por dia", afirma Vera.


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