Sucesso de público, as receitas celestiais dos monges beneditinos vão parar nos Jardins

Por causa da fachada imaculada e das janelas de esquadrias Marrons que chegam no chão,vai ter muito desavisado achando Que "Mosteiro", a marca sobre a porta, é a mais nova grife gringa

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Aberta há pouco, a nova loja de pães do Mosteiro São Bento estende aos Jardins uma oferta abençoada, ainda que muitas vezes pecaminosa: bolos, pães, biscoitos e geleias fabricados nas cozinhas do mosteiro. Eles já eram vendidos desde 1999, mas apenas em uma sala do próprio mosteiro. Só não ficaram mais famosos do que as missas com canto gregoriano celebradas pelos monges.
O posto avançado fica no quadrilátero mais gastronômico dos Jardins, a poucos metros do Bistrô Charlô, do D.O.M. e do Dalva e Dito. Apesar de ter abrigado antes a rotisserie Paola di Verona, o imóvel parece mais apto a receber uma marca poderosa de roupas do que as delícias beneditinas.
Por causa da fachada imaculada e das janelas de esquadrias marrons chegando no chão, vai ter desavisado achando que Mosteiro, a marca sobre a porta, é a mais nova grife gringa.
Engano à parte, a oferta faz bonito frente à vizinhança fina, tanto em quesitos como serviço e programação visual de rótulos e embalagens, ambos impecáveis, quanto no que interessa mesmo, ou seja, as receitas. Algumas antigas e herdadas de beneditinos franceses, outras criadas aqui, elas parecem todas igualmente celestiais.
Senão, vejamos: há o bolo Dom Bernardo, que leva café, chocolate, conhaque, nozes, pêssego e gengibre; o Laetare, de farinha de amêndoas, canela e limão; o dos Monges, feito com vinho canônico, damasco, ameixa e açúcar mascavo; e o pão de mel Benedictus, recheado com geleia de damasco.
Para quem passa pela região de mãos vazias, a caminho de algum jantar, a loja cai do céu.
Entre bolos e biscoitos, há ótimas opções de presentes, embalados em caixas e arrematados com laços, na faixa de R$ 50. Para comer de joelhos, em casa mesmo, o melhor é o pão de mandioquinha (R$ 14) e as bolachas de azeitona, saborosíssimas.
Uma pena que a loja não ofereça um café para quem deseja devorar seus quitutes lá mesmo. Aparentemente, a religião permite, mas a legislação não.