São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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MARIA INÊS DOLCI
[Defesa do consumidor]

APAGÕES EM "STAND-BY"


Vamos desligar as luzes vermelhas do DVD, do som, da TV e do computador. Elas significam um gasto bobo


O BRASIL ESTÁ crescendo. Depois de tanto tempo de marasmo, isso é uma boa notícia. Se confirmada ao longo de 2008, mais do que isso, uma excelente notícia. Mas crescimento implica infra-estrutura. Daí, a boa pode virar uma má notícia.
Quem não experimentou, em São Paulo, nas últimas semanas do ano, a dificuldade de acessar a internet, devido à lentidão do acesso? Agora, o governo federal garante que não haverá apagão elétrico nos próximos anos, ainda que a economia pise no acelerador. Não acredito.
Recentemente, Luiz Pinguelli Rosa, um dos principais especialistas brasileiros nesse tema e diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), observou que o racionamento de energia só será necessário no caso de o volume de chuva não se normalizar.
Ora, foi a escassez de chuvas que obrigou os brasileiros a economizar energia elétrica em 2001. Portanto, sete anos depois, continuamos dependendo das chuvas, uma situação absurda, tendo em vista a instabilidade climática em todo o mundo.
Estejamos ou não ameaçados de sofrer um apagão, caros leitores, economizar energia é uma medida altamente recomendável. Do ponto de vista econômico ou ambiental, devemos nos acostumar a apagar as luzes após sair das dependências de nossas casas, ou de nossos ambientes de trabalho.
Vamos desligar, também, as luzes de "stand-by", aquelas vermelhas dos equipamentos de DVD, de som, de televisão e dos microcomputadores. Elas significam um gasto bobo, pois continuam consumindo energia enquanto dormimos. Segundo cálculos de especialistas, famílias de classe média aumentam, com essas luzes vermelhas de espera, em até 20% seu consumo de energia.
Nas viagens, curtas ou mais prolongadas, não vamos deixar geladeiras e aquecedores de água ligados. Aparelhos de ar-condicionado mais modernos têm timers, porque a temperatura costuma cair na madrugada, e eles podem ser programados para ser desligados quando não forem indispensáveis.
Assim como fazemos com produtos alimentícios, verificando se contêm gordura trans ou outros ingredientes nocivos à saúde, precisamos avaliar se os aparelhos eletrodomésticos consomem muita ou pouca energia.
Será nossa contribuição para que um eventual apagão não freie o crescimento econômico, ceifando empregos e qualidade de vida. O consumo consciente, uma das premissas de cidadãos, empresas e governos nos dias de hoje, dará mais tempo às autoridades para investir na recuperação e diversificação do potencial energético.
Bem, e se fizermos nossa parte e os governantes, não? É só olhar o calendário eleitoral, com eleições para prefeitos e vereadores este ano, e para governadores, deputados, senadores e presidente em 2010, que acharemos a resposta.
Assim como não devemos votar em criadores de impostos, taxas e contribuições, também devemos dar cartão vermelho àqueles que não investirem na infra-estrutura do Brasil, por exemplo, na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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