São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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Maria Inês Dolci [defesa do consumidor]

COMO BAIXAR OS JUROS DO CREDIÁRIO


Uma das armas mais eficientes que o consumidor tem é o planejamento das suas compras

A BOA notícia brilhou em jornais, sites, blogs, revistas, telejornais e programas de rádio: pela primeira vez, em muitos anos, a taxa de juros oficial do Brasil, a Selic, caiu para um dígito, mais especificamente para 9,25%. Com essa decisão, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central pretende contribuir para o reaquecimento da economia brasileira, reduzindo os custos dos empréstimos bancários.
Mas o que isso representará para nós, consumidores, quando entrarmos em uma loja para comprar roupas, eletroeletrônicos ou alimentos?
Quase nada, caro leitor.
Os juros que pagamos no crediário são várias vezes maiores do que a taxa Selic, e o pior é que nós aceitamos isso passivamente.
Compramos compulsivamente produtos que poderíamos adquirir alguns meses adiante, à vista, com desconto. Bastaria juntar o dinheiro para pagar de uma só vez. Em vez disso, topamos consumir itens não essenciais em várias prestações, hipertrofiadas por juros e correção.
Além disso, não temos o costume de comparar preços, e muito menos de usarmos a calculadora para, antes de optar por uma forma de pagamento, ter ideia do quanto pagaremos a mais na compra parcelada de uma geladeira ou de uma blusa de lã .
O CET (Custo Efetivo Total) seria uma excelente arma na mão do consumidor para evitar essas armadilhas, mas é raro encontrar um estabelecimento que tenha como política informar aos clientes todos os custos embutidos no preço final.
As lojas limitam-se, em geral, a acrescentar os juros ao valor principal da mensalidade, sem considerar outras despesas que oneram a compra, disfarçadas sob vários nomes, como por exemplo os custos para concessão do crediário.
O caso das administradoras de cartões de crédito é ainda pior: os 9,25% da taxa oficial de juros são similares ao que elas cobram por apenas um mês, não por 12 meses, no crédito rotativo.
Temos de nos conscientizar que é tarefa nossa, também -e não apenas das autoridades e das entidades de defesa do consumidor- melhorar as condições de pagamento e evitar que sejamos escalpelados nas relações de consumo.
Uma das armas mais eficientes que o consumidor tem é o planejamento das suas compras. Quando os termômetros baixam repentinamente, é óbvio que agasalhos, casacos de lã, aquecedores e cobertores subirão de preço. Afinal, industriais e lojistas sabem que teremos de comprar, necessariamente, alguns desses produtos.
Mas se você adquirir esse tipo de coisa em liquidações de inverno, a partir de setembro, poderá comprar bons artigos a preços bem melhores.
Na temporada de inverno, as compras mais indicadas são as de itens para primavera-verão. Pode parecer estranho, mas é assim que se faz economia, que se foge dos juros extorsivos e que se aprende a comprar usando a cabeça -em vez de comprar por impulso.
Tudo ficará ainda melhor se os responsáveis fiscalizarem o cumprimento do Custo Efetivo Total, para fechar esse círculo virtuoso de redução das taxas de juros.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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