São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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O MIOLO DAS COMPRAS

Núcleo comercial formado por praça Vilaboim e rua Tinhorão vive mudança de perfil e alta rotatividade de lojas

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Vista geral da r. Tinhorão

LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

São 13 lojas plantadas na praça tombada e na ruazinha de pouco mais de cem metros, em Higienópolis. Na era dos shopping centers, Vilaboim e Tinhorão formam um dos roteiros mais charmosos de comércio de rua em São Paulo.
A maioria das lojas é pequena. As vendedoras chamam as clientes pelos nomes. O comércio não ostenta o luxo que com frequência é associado à área. As marcas presentes são menos conhecidas. Não significa que sejam populares ou baratas.
Para Regina Meyer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e moradora da região, isso faz sentido num bairro considerado de classe média alta, mas que abriga uma população diversificada por conta da alta densidade demográfica. "Há uma mistura de classes e faixas etárias", diz. Na visão da urbanista, essas lojas têm a ver com esse lugar que é também uma praça do bairro vizinho de Santa Cecília, ou do Pacaembu e não apenas de Higienópolis. "Elas se mantêm porque têm um público fiel".
Mas ter uma clientela cativa não basta. Na última semana duas lojas fecharam as portas, a Arango, de decoração, e a Baby Couture, grife de roupas para recém-nascidos. O ponto da Arango, que ocupou um espaço de três andares durante oito anos na praça, foi pedido de volta pelo dono do imóvel e ainda não se sabe o seu destino. "Espero que não seja algo de comida, senão vai virar uma pracinha de alimentação", diz Alexandre Faria, supervisor da loja de casa e decoração.
A rotatividade do comércio é constante na região. A Tinhorão já teve lojas de moda mais autoral, como a Theodora, de Rita Wainer. Marcelo Sommer também vendeu peças da marca Do Estilista em seu extinto bar, o 13, na rua Alagoas. Para o estilista, a praça não tem vocação de moda. "É um lugar de serviço, um comércio de final de semana, de andar a pé".
Andar a pé está entre as qualidades apontadas por lojistas como Gisela Park, da Body Jam, que trocou os Jardins pela Tinhorão há três anos. "Hoje as pessoas não querem andar de carro de lá para cá. E aqui vem gente de todo lugar", diz.
Quem não mora no bairro e opta pelo carro para chegar ali se depara com o problema da falta de estacionamento. Por conta dessa dificuldade, muitas fachadas de lojas foram modificadas para a criação de vagas para carros, apesar de a praça ter sido tombada pelo Patrimônio Histórico em 2007.
As mudanças pelas quais a praça vem passando estão deixando a Vilaboim inviável, na visão de Marcio Mazza, vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. Para ele, é preciso dar um basta aos estabelecimentos comerciais. "Tem que recuperar as fachadas, criar estacionamentos. Não adianta tombar e não cuidar", fala.
Por ser vizinha de uma faculdade, a FAAP, e estar próxima de outra universidade, o Mackenzie, a oferta da Vilaboim se voltou para os estudantes. É esse público que dita o perfil da praça hoje. "Esse perfil faz com que a praça se torne um lugar cada vez mais frequentado por quem não é do bairro", diz a urbanista Regina Meyer.
O arquiteto Marcio Mazza acredita que o sucesso pode acabar prejudicando a praça. "A Vilaboim cresceu muito com o comércio fora de zoneamento. Pena que a saturação aconteça por falta de projeto. Daqui a pouco vai virar uma praça de alimentação caída."
Enquanto novos restaurantes abrem, espera-se que os pontos de serviço como a padaria, a banca e a farmácia permaneçam. "A multifuncionalidade do comércio é importante para manter a cidade viva", afirma Regina Meyer.



Flores
A floricultura Dona Diva foi inaugurada em maio. As flores são vendidas avulsas ouembuquês, que fogem do convencional. O lírio custa R$ 5 a haste e R$ 80 a dúzia.
O ramo de pimenta síria sai por R$ 5. O mais bacana do espaço são os arranjos criados pela dona, Fabiana Arantes, artista plástica. Eles são criativos, mas não custam um absurdo como em outras floriculturas com conceito.
Um jogo de três copos de vidro com flores custa R$ 44 – quem leva um,paga R$ 20. O ateliê conta com vasos diferentes. Um de madeira com papel italiano sai por R$ 126. r. Tinhorão, 89, tel. (11) 4112-0669, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb. e dom.: 11h às 14h.
CC:nenhum
Estacionamento: sim

Moda feminina
A unidade de Higienópolis da loja de moda feminina Collins é mais moderninha que as de outros endereços. Na entrada uma mesa exibe as ofertas a partir de R$ 49, como uma camisa preta. Nas araras, um casaco de tweed mesclado sai por R$ 129. As peças com etiqueta vermelha são de coleções passadas e custam até 50% menos. No toque moderno que a loja busca, poderia dispensar a música popem alto volume. r. Alagoas, 830, tel. (11) 3825-0672, São Paulo.
Seg. a sex.: 8h30 às 20h30. Sáb.: 8h30 às 20h. Dom.: 10h às 16h. CC: Amex, Master e Visa. Manobrista: gratuito

Sapatos
Na loja de sapatos Dunes,os modelos estão divididos pela numeração. Entre as opções, há muitas botas de texturas variadas.
A de camurça lisa e cano médio custa R$ 159. Também vende cintos e bolsas. Sandálias rasteiras da coleção passada saem por R$ 39,90 (pouca numeração).
É difícil achar peças clássicas e cores básicas. Na atual coleção, a marca mistura estampas e texturas. Um simples escarpim tem estampa de onça, tachinhas e couro colorido. r. Armando Penteado, 56, tel. (11) 3661-7435, São Paulo. Seg. a sáb.: 8h30 às 20h. CC: Áurea, Diners, Master e Visa.
Estacionamento: sim

Roupas estilo clássico e jovem
A entrada da Etcetera, loja de moda feminina, causa má impressão, por causa deuma arara cheia de batas de viscose com estampas pouco convidativas.
Passada essa parte, as coisas melhoram. A loja mescla peças clássicas com roupas jovens. O vestido de malha com aplicação de flores custa R$ 188. Há poucos acessórios, como um colar de pérolas falsas (R$ 98). No segundo andar ficam os vestidos de festa. Um tomara-que-caia de cetim custa R$ 1.380. r. Armando Penteado, 21, tel. (11) 3663-2113, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 18h. CC: todos
Manobrista: gratuito

Malha e cia.
Logo na entrada da loja Body Jam, uma cena fofa no dia da visita da reportagem:um labrador deitado no chão. A vendedora o coloca para dentro de outra sala e só então abre a porta. A grife é especializada em moda praia, malha, moletom e plush. O espaço está divididoem três ambientes. No fundo ficam peças de inverno do ano passado, com 50% de desconto. Uma jaqueta vinho de tecido tecnológico sai por R$ 40. Na coleção atual, uma jaqueta parecida, do mesmo tecido, custa R$ 204. Na sala do meio fica a coleção de verão com50% de desconto em moda praia. Na última parte fica a coleção atual. Um moletom com capuz custa R$ 216. r. Tinhorão, 81, tel. (11) 3666-8274, São Paulo. Seg. a sex.:10h às 18h. Sáb.:10h às 16h. CC: todos. Manobrista: sim

Numeração grande
A loja Marbella lembra aquelas tradicionais do comércio de cidade pequena. A vendedora recebe as consumidoras pelo nome. As roupas ali são mais de“senhorinha”, como as que estavam no local no dia da visita. A numeração, a vendedora avisa, vai de 44 a 48, com algumas poucas peças no 42. Uma camisa polo de malha com listras azuis e brancas sai por R$ 154. Um conjunto de calça e casaco de malha custa R$ 299. praça Vilaboim, 111, tel. (11) 3666-6414, São Paulo. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 10h às 16h. CC: Master e Visa Estacionamento: sim

Vestidos de festa
A Montag de Higienópolis abriga o ateliê de vestidos de festa da marca. A loja tem cara de shopping–assim como o atendimento, no estilo vendedor- sombra. No primeiro andar ficam as tendências da hora, comoo s casacos maiores, estilo do namorado. Um cardigã de algodão sai por R$ 99. No segundo andar há algumas peças de festa, calças e camisas. Uma camisa branca com babados custa R$ 225. Os vestidos de festa estão no último andar e custam a partir de R$ 1.500. r.Armando Penteado, 13, tel. (11) 3666-5634, São Paulo.Seg.a sex.:10h às 20h.Sáb.:10h às 18h.CC: todos Manobrista: gratuito

Brechó
Roupas “de marca” são a especialidade do brechó Santa Vaidade. As peças estão organizadas em araras. Se a ideia é economizar, melhor pular a área dos jeans: a maioria tem o preço bem salgado. Um dos modelos da Diesel custa R$ 480.A parte de blusas, camisetas e saias é melhor. Uma blusa de seda Gloria Coelho sai por R$ 72; um twin-set de lã Benetton, por R$ 98. Atrás do caixa há algumas bolsas de grifes internacionais.
r. Tinhorão, 85B, tel. (11) 3667-6069, São Paulo. Seg. : 11h30 às 17h. Ter. a sáb.: 11h30 às 18h. CC: Master e Visa. Estacionamento: não

Livros
A livraria Haikai, na Vilaboim, tem aquela alma de coisa de bairro: não énemmuito grande, nem muito pequena, tem poucos –e atenciosos– vendedores. Alguns supérfluos dão um charme ao local e são uma mão-na-roda para aquele presente de última hora. Caso dos robôs de metal, das caixinhas de música (R$ 57) que tocam “Blowin’in the Wind”, de Bob Dylan, entre outras canções; dos caderninhos de capa metalizada que imitam o Moleskine (R$ 34, o pequeno) e dos anéis de plástico com desenhos de coração (R$ 19, 90). O chato é que a maioria das coisas não tem o preço exposto. r. Armando Penteado, 44, praça Vilaboim, tel. (11) 3663-4616, São Paulo. Seg. a sex.: 9h às 20h30. Sáb.: 9h às 21h. Dom.: 11h às 20h. CC: todos Estacionamento: sim

Brinquedos
Uma grande roda gigante de madeira e um teatro de fantoche na vitrine já revelam o estilo da Hortelã, pequena loja de brinquedos educativos.
Quando entrar, olhe bem onde está pisando: no dia da visita, várias crianças estavam no chão brincando, ou melhor, testando os itens à venda.
O jogo das Cinco Marias (ou Jogo das Pedrinhas) sai por R$ 9, e o dominó de madeira, por R$ 14. O kit que vem com boneca, cola e tinta para pintar, que depois vira um porta joia, custa R$ 42. Os fantoches de “Os Três Porquinhos” custam R$ 63. O espaço também tem algumas fantasias e pantufas (R$ 24).
praça Vilaboim, 41, tel. (11) 3667-5952, São Paulo. Seg. a sex.: 9h às 19h. Sáb.: 9h às 18h. CC: todos. Estacionamento: não



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