São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

Próximo Texto | Índice

A hora do 'efeito-cebola'

Alterações no clima modificam as coleções de inverno, que ficam mais leves, mas nem por isso menos caras; sobreposições são saída para as variações bruscas de temperatura

LÍGIA MESQUITA
EDITORA-ASSISTENTE DO VITRINE

O guarda-roupa dos anos 2000 não é mais pensado segundo aquelas divisões bem estabelecidas de primavera, verão, outono e inverno, mas sim em função de uma constante variação climática. Em um só dia é possível ter a sensação térmica das quatro estações. Em conseqüência, entra em ação a "moda cebola", segundo a qual as pessoas se vestem em camadas. Começam o dia superagasalhadas e vão tirando aos poucos, até ficar de camiseta.
Com a realidade do aquecimento global, a moda começa a orientar seus produtos para a meia-estação, que dialogam com mudanças bruscas de tempo e o clima tropical do país. "Há uma sensação de imprevisibilidade. As coleções estão menos marcadas pela questão climática", diz Dario Caldas, do birô Observatório de Sinais.
Não que as roupas do inverno, que começa hoje, estejam com os dias contados. Mas não é mais preciso investir muito nisso. "Agora o consumidor deve pensar em um guarda-roupa para todas as ocasiões e climas. Ainda precisa ter roupas leves, médias e pesadas, mas com freqüências e quantidades diferentes", diz o sociólogo.
Roupas leves no inverno e peças mais quentes no verão já fazem parte da coleções da grife paulistana Uma. Em agosto, quando a marca coloca à venda a dita linha de verão, ainda é frio, e a primeira entrada da coleção tem jaquetas e blazers. "Temos peças que servem para as duas estações porque vivemos num país com climas diferentes", diz Roberto Davidowicz, 42, sócio da grife.
Mara Mac Dowell, da grife carioca Mara Mac, também segue essa tendência. "Já deixamos de fazer roupas pesadas de inverno. Fazemos casacos fáceis de botar por cima e usamos tecidos de memória, como o náilon, que servem tanto para o inverno como para o verão".
"Os tecidos não têm mais aquele peso. Trabalhamos com peças de meia-estação", diz Fernando Pimentel, diretor da Abit (Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção). Os mais usados são lã fria, malha, tweed e moletom.
O "stylist" e sócio da grife D'Arouche, Davi Pollack, 35, crê na tendência que fora do Brasil é chamada de "seasonless" (sem estação, em inglês). Mas ele não é fã da "moda cebola". "Acho mais legal compor um look só com uma peça mais leve e outra mais pesada", diz.


Próximo Texto: Quanto custa o inverno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.