São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

Saúde líquida

Os condomínios deveriam ser estimulados ao reúso da água, um bem escasso em todo o mundo

ÁGUA. VOCÊ SE preocupa com a água que bebe todo dia, que usa para cozinhar, lavar a roupa e a louça, e substituir (péssimo hábito) a vassoura nas calçadas?
Se não se preocupava, comece a pensar mais nisso. Portaria do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), que começará a vigorar em setembro próximo, limitará a três anos a validade máxima dos galões de 10 a 20 litros utilizados no envase da água mineral.
A associação que reúne as indústrias deste segmento, em São Paulo, calcula que a portaria encarecerá o produto em 10%.
Pressões de preço à parte, acertou o DNPM. Os vasilhames de plástico são lavados com produtos químicos, e escovados antes de reutilizados. Obviamente, esse atrito aumenta o risco de contaminação química nos galões. E o consequente risco à saúde dos consumidores.
O ideal seria que consumíssemos água da torneira, como em países civilizados, sem a necessidade de filtros nem da compra de água mineral. Segundo as concessionárias que tratam a água, ela chega apropriada ao consumo nas casas e nos prédios, mas passa por encanamentos e caixas nem sempre em boas condições de higiene.
Por isso, recorremos, principalmente em empresas e organizações públicas, aos vasilhames com água mineral.
Mas temos de lembrar que a água que chega às torneiras de nossas casas é tratada. E que esse tratamento é caro. Além disso, recursos hídricos são ameaçados por loteamentos irregulares, contaminação industrial das águas, despejo de esgotos, entre outros problemas.
Seriam razões suficientes para que as pessoas não desperdiçassem essa água para lavar carros, calçadas, corredores de prédios etc. E, como política nacional de preservação desse bem, escasso em todo o mundo, os condomínios deveriam ser estimulados ao reúso da água.
Por sorte, o Brasil tem muita água, mas ela é mal distribuída. Na Grande São Paulo, a captação se faz cada vez de fontes mais distantes, devido à ocupação imobiliária desordenada e até criminosa, pois pseudoimobiliárias vendem terrenos e casas em áreas de manancial.
Deveria ser mais fácil e barato, talvez até gratuito, converter prédios mais antigos para a cobrança individualizada da conta, um fator primordial para a conscientização dos condôminos sobre o uso racional da água. Quando a conta é diluída na mensalidade do condomínio, justos pagam pelos pecadores.
São questões urgentes, às quais devemos atentar, enquanto ainda temos água de sobra. Em muitos países, não há água suficiente para atender a população, nem para beber, nem para atividades econômicas. Sem água, falta comida, falta saúde e surge ainda outra triste consequência: a guerra.
Já que não temos de lutar para beber água limpa, ao menos nas cidades em que ela é tratada e distribuída adequadamente, vamos cuidar desse tesouro não valorizado.


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