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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]
Saúde líquida
Os condomínios deveriam
ser estimulados ao reúso
da água, um bem escasso
em todo o mundo
ÁGUA. VOCÊ SE preocupa com a
água que bebe todo dia, que
usa para cozinhar, lavar a roupa e a louça, e substituir (péssimo
hábito) a vassoura nas calçadas?
Se não se preocupava, comece a
pensar mais nisso. Portaria do
DNPM (Departamento Nacional de
Produção Mineral), que começará a
vigorar em setembro próximo, limitará a três anos a validade máxima
dos galões de 10 a 20 litros utilizados
no envase da água mineral.
A associação que reúne as indústrias deste segmento, em São Paulo,
calcula que a portaria encarecerá o
produto em 10%.
Pressões de preço à parte, acertou
o DNPM. Os vasilhames de plástico
são lavados com produtos químicos,
e escovados antes de reutilizados.
Obviamente, esse atrito aumenta o
risco de contaminação química nos
galões. E o consequente risco à saúde dos consumidores.
O ideal seria que consumíssemos
água da torneira, como em países civilizados, sem a necessidade de filtros nem da compra de água mineral. Segundo as concessionárias que
tratam a água, ela chega apropriada
ao consumo nas casas e nos prédios,
mas passa por encanamentos e caixas nem sempre em boas condições
de higiene.
Por isso, recorremos, principalmente em empresas e organizações
públicas, aos vasilhames com água
mineral.
Mas temos de lembrar que a água
que chega às torneiras de nossas casas é tratada. E que esse tratamento
é caro. Além disso, recursos hídricos
são ameaçados por loteamentos irregulares, contaminação industrial
das águas, despejo de esgotos, entre
outros problemas.
Seriam razões suficientes para
que as pessoas não desperdiçassem
essa água para lavar carros, calçadas,
corredores de prédios etc. E, como
política nacional de preservação
desse bem, escasso em todo o mundo, os condomínios deveriam ser estimulados ao reúso da água.
Por sorte, o Brasil tem muita água,
mas ela é mal distribuída. Na Grande São Paulo, a captação se faz cada
vez de fontes mais distantes, devido
à ocupação imobiliária desordenada
e até criminosa, pois pseudoimobiliárias vendem terrenos e casas em
áreas de manancial.
Deveria ser mais fácil e barato, talvez até gratuito, converter prédios
mais antigos para a cobrança individualizada da conta, um fator primordial para a conscientização dos
condôminos sobre o uso racional da
água. Quando a conta é diluída na
mensalidade do condomínio, justos
pagam pelos pecadores.
São questões urgentes, às quais
devemos atentar, enquanto ainda
temos água de sobra. Em muitos
países, não há água suficiente para
atender a população, nem para beber, nem para atividades econômicas. Sem água, falta comida, falta
saúde e surge ainda outra triste consequência: a guerra.
Já que não temos de lutar para beber água limpa, ao menos nas cidades em que ela é tratada e distribuída adequadamente, vamos cuidar
desse tesouro não valorizado.
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