São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2007

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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]

OBJETOS BIZARROS, PREÇOS ABSURDOS

Comércio no aeroporto cresce, mas continua o mesmo

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Lojas de aeroporto são conhecidas por vender uma seleção de artigos limitada, tendente ao caríssimo e, muitas vezes, bem esquisita. Congonhas, que nunca fugiu à regra, há pouco ampliou sua área de lojas, que agora se estende do corredor que leva ao saguão ao interior da área de embarque. Para quem já se acostumou a contar com a possibilidade de um vôo atrasado ou gosta de se fiar no comércio do aeroporto para resolver presentes de última hora, poderia ser um alento.
Pena, mas longe disso. À exceção da loja-âncora, Dufry, que tem dois "endereços" diferentes no aeroporto e bota banca de free shop, a cena nos corredores continua exatamente a mesma. Nas vitrines, misturam-se sem qualquer arte ou sentido vestidos cobertos de paetês, pastas 007, um par de algemas, capangas de couro, narguilés coloridos. Além, é claro, de camisas da seleção brasileira e de todas as versões já vistas e não vistas do item de consumo obrigatório da hora, seja ele o vestidão florido do ano passado, seja a bolsa enorme de hoje.
Resta ceder à tal Dufry, o que não é difícil. Uma espécie de arremedo de duty free shop, só que com taxa -muita taxa-, a loja aposta tudo na mórbida semelhança. Tem "corners" de marcas tentadoras, garotas borrifando amostras de perfume em papéis, maquiagens ao alcance da mão e bons acessórios de viagem, como capas de neoprene coloridas para laptop. Mas, entre outras proezas, consegue vender um chapeuzinho de golfista Kangol por R$ 335, e, pior, um cashmere da Gap por quase R$ 500. Logo a Gap, marca casual americana que quando cobra muito, cobra US$ 59,99.
Em meio à oferta bizarra dos corredores e os preços absurdos do free shop que é tudo menos free, a Laselva surge como um alívio. Lá, no oásis deliciosamente climatizado da livraria, com caixa eletrônico, fantásticas gôndolas de chocolate e geladeiras de bebidas, acham-se jornais e revistas do mundo inteiro e livros para todas as tribos, da obra reeditada de Jorge Luis Borges à última fábula corporativa (título: "Ping - a Busca de um Sapo por uma Nova Lagoa"), de livros infantis a "O Melhor do Planeta Diário" (Ed. Desiderata). Para quem procurava um presente...

ONDE ENCONTRAR


Aeroporto de Congonhas av. Washington Luís, s/no., tel. (11) 5090-9000, São Paulo


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