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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]
OBJETOS BIZARROS, PREÇOS ABSURDOS
Comércio no aeroporto cresce, mas continua o mesmo
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Lojas de aeroporto são conhecidas por vender uma seleção de artigos limitada, tendente ao caríssimo e, muitas
vezes, bem esquisita. Congonhas, que nunca fugiu à regra,
há pouco ampliou sua área de
lojas, que agora se estende do
corredor que leva ao saguão
ao interior da área de embarque. Para quem já se acostumou a contar com a possibilidade de um vôo atrasado ou
gosta de se fiar no comércio
do aeroporto para resolver
presentes de última hora, poderia ser um alento.
Pena, mas longe disso. À exceção da loja-âncora, Dufry,
que tem dois "endereços" diferentes no aeroporto e bota
banca de free shop, a cena nos
corredores continua exatamente a mesma. Nas vitrines,
misturam-se sem qualquer
arte ou sentido vestidos cobertos de paetês, pastas 007,
um par de algemas, capangas
de couro, narguilés coloridos.
Além, é claro, de camisas da
seleção brasileira e de todas
as versões já vistas e não vistas do item de consumo obrigatório da hora, seja ele o vestidão florido do ano passado,
seja a bolsa enorme de hoje.
Resta ceder à tal Dufry, o
que não é difícil. Uma espécie
de arremedo de duty free
shop, só que com taxa -muita
taxa-, a loja aposta tudo na
mórbida semelhança. Tem
"corners" de marcas tentadoras, garotas borrifando amostras de perfume em papéis,
maquiagens ao alcance da
mão e bons acessórios de viagem, como capas de neoprene coloridas para laptop.
Mas, entre outras proezas,
consegue vender um chapeuzinho de golfista Kangol
por R$ 335, e, pior, um cashmere da Gap por quase R$
500. Logo a Gap, marca casual americana que quando
cobra muito, cobra US$
59,99.
Em meio à oferta bizarra
dos corredores e os preços
absurdos do free shop que é
tudo menos free, a Laselva
surge como um alívio. Lá, no
oásis deliciosamente climatizado da livraria, com caixa
eletrônico, fantásticas gôndolas de chocolate e geladeiras de bebidas, acham-se
jornais e revistas do mundo
inteiro e livros para todas as
tribos, da obra reeditada de
Jorge Luis Borges à última
fábula corporativa (título:
"Ping - a Busca de um Sapo
por uma Nova Lagoa"), de livros infantis a "O Melhor do
Planeta Diário" (Ed. Desiderata). Para quem procurava
um presente...
ONDE ENCONTRAR
Aeroporto de Congonhas
av. Washington Luís, s/no.,
tel. (11) 5090-9000, São Paulo
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