São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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MARIA INÊS DOLCI
[defesa do consumidor]

CLIENTES ANTIGOS NÃO TÊM VEZ


Evite, se possível, assinar um contrato de vários anos com prestadores de serviços para desfrutar de descontos ou de aparelhos celulares novos


C LIENTE ANTIGO não tem vez. Se você assinou um contrato de prestação de serviços há vários meses ou anos, é muito provável que seja tratado como um subcliente, ou algo assim. Lamentavelmente, as promoções, os descontos, as ofertas e o tratamento VIP costumam ser reservados para as futuras conquistas das empresas, para os novos usuários.
Por que tanto descaso? Porque a base de clientes é considerada fava contada. Para os que já fazem parte da clientela há mais tempo, quando muito, as empresas se dignam a criar novas cláusulas de barreira, disfarçadas de planos generosos.
Isso ocorre muito com a telefonia celular, ainda mais às vésperas da portabilidade, ou seja, do direito de manter o número do telefone mesmo que se mude de operadora.
Isso provavelmente decorre da feroz concorrência em alguns segmentos de negócios, como os cartões de crédito, as TVs por assinatura e as conexões por banda larga. Mas é uma prática generalizada. Dificilmente, as condições mais favoráveis, disponíveis para atrair clientes da concorrência, valham e sejam oferecidas aos usuários atuais.
Apesar de as empresas encherem a boca para falar em "fidelização", termo muito empregado, mas pouco aplicado na prática, a fidelidade é muito mais impingida do que obtida por adesão.
Por incrível que pareça, é mais fácil trocar de fornecedor do que obter condições mais amigáveis nos contratos vigentes. Ao contrário, no caso de contratos antigos, às vezes com preços mais em conta para o cliente, é comum a pressão para que este "migre" para outro plano. Na verdade, para se pagar mais por um serviço praticamente igual ao atual.
O que fazer, então?
Primeiramente, pesquisar sempre, com paciência e método, os diversos prestadores de serviços, considerando fatores como as reclamações atendidas e não-atendidas, as letras miúdas dos contratos e o tempo obrigatório de permanência.
Evite, se possível, um contrato de vários anos para desfrutar de descontos ou de aparelhos novos (no caso de celulares).
Negocie, sempre, condições mais próximas às oferecidas para os futuros clientes. Informe-se, freqüentemente, sobre o que os concorrentes do seu fornecedor estão propondo para atrair descontentes.
Talvez você, consumidor ou consumidora, tenha que viver trocando de prestador de serviços. Paciência. Se esse for o preço para ser mais respeitado, valerá a pena.
Não feche os olhos ao descaso, aos serviços de má qualidade ou às outras formas de desrespeito. Cobre seus direitos, pois a tendência é que a portabilidade se torne um padrão de mercado em várias áreas.
Sem a fidelidade obtida ao estilo "cinto de castidade", na marra, as empresas terão de mudar suas práticas antiquadas. Cliente antigo ainda será, um dia, o mais valorizado de todos. Enquanto isso não acontece, não deixe que tratem você como uma visita indesejada.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br


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