São Paulo, sábado, 23 de fevereiro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA
[questão de gosto e opinião]

LINGERIE POR BAIXO

Multimarcas tem quantidade, mas pouca variedade

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para quem acha que lingerie deve brilhar, incomodar e custar o mesmo tanto que uma roupa de festa, há a La Perla. Na frente alternativa, as opções são escassas e, por carecer de engenho, muitas vezes apertam demais ou de menos, saem do lugar, não modelam. Para quem busca lingerie "normal" confortável, eficiente e, Deus ajude, bonitinha, resta tentar a sorte na multimarcas do bairro. Com vários endereços, a Tia é exemplo do padrão imutável de loja que se associou ao produto.
Movidas por necessidade e falta de alternativa, as incursões à loja inspiram expectativas baixas. Ainda assim, ela nos reserva surpresas. Já das vitrines, acenam pijamas de jérsei pálido e renda sintética, com calças de estampa de onça; e baby-dolls "enfeitados" com revoadas de pássaros, flores, sapos e até macacos. O que era para ser inocente é pré-primário; o que era para ser sexy, melancólico.
Os displays self-service deixam a consumidora à vontade para procurar o que quer, assim como as vendedoras, gentis e preparadas. Pena que haja mais araras do que variações de fato. A falta de imaginação dos fabricantes de lingerie para cores, por exemplo, é tão notória que já ajudou a batizar uma palheta à parte, composta pelo rosa, o amarelo e o azul-calcinha. Admitem-se exceções que, por alguma razão, são ou mortiças (marrom, lilás) ou berrantes (vermelho, amarelo-canário).
Seria preferível se a consumidora não tivesse de abrir mão de todas as outras cores do mundo, que, afinal, são tantas; mas a falta de opção em modelos é pior. A cena das calcinhas é mais, digamos, arejada. Hoje, entre combinações esdrúxulas, como renda com xadrez, a Tia vende cuecas de moletom fino para mulheres e até modelos perfeitamente lisos, de lycra cotton, que a Lupo merecia um prêmio por lançar.
Menos sorte tem quem procura uma meia-calça de lã que não seja deselegantemente grossa ou um sutiã estruturado que não machuque.
Nesse quesito, de resto, a indústria maltrata mesmo: além de não oferecer qualquer variação de medida de tórax e tipo de taça, o que seria lógico, consideradas as enormes diferenças entre as mulheres, ainda tem por hábito descontinuar modelos clássicos em favor da mania da hora: o bojo. Não é coisa de Tia, mas de tataravó.


ONDE ENCONTRAR
Tia Lingerie
av. Pedroso de Morais, 1.003, tel. (11) 3814-9187, e outras seis lojas em São Paulo



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