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A NOVA EMBALAGEM É...
...DURÁVEL
Henrique Manreza/Folha Imagem
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DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O futuro deu um passo atrás.
Comprar leite na garrafa de vidro ou refrigerantes em cascos
retornáveis são hábitos que não
pertencem mais ao passado.
Como antes, a embalagem de
agora tem sobrevida depois de
passar da gôndola à geladeira,
para não seguir direto ao lixo. A
aposta é na durabilidade.
No Brasil, as margarinas da
linha Becel ganharam tampas
transparentes, que facilitam o
uso da embalagem como "tupperware" depois do fim do produto. A Femsa, que produz a
Coca-Cola aqui, começa a distribuir garrafas PET retornáveis nos supermercados. Quem
leva o vasilhame até o local de
compra economiza R$ 0,90.
Esse é um movimento internacional e irreversível. O último relatório sobre consumo de
alimentos do birô de tendências inglês The Future Laboratory mostra exemplos como a
loja Be Unpackaged, na Inglaterra, que vende cereais, saladas, leite, vinho e cerveja sem
embalagens descartáveis.
Quem leva seus próprios potes
ou garrafas paga menos, e
quem não leva compra embalagens reusáveis da própria loja.
...ÚTIL
As funções das embalagens
se multiplicaram. Além de chamar a atenção do consumidor e
manter intacto o seu conteúdo,
elas podem servir até para cultivar um alimento. O Gropack,
criado pela designer polonesa
Agata Jaworska, serve como estufa para fungos e vegetais
crescerem, enquanto ficam expostos na gôndola. Em vez de
data de validade, eles trazem o
dia a partir do qual estarão
prontos para o consumo. O
exemplo, experimental, é citado pelo relatório da Future Lab
como tendência de "embalagem ativa".
A Nescafé chegou a lançar, na
Inglaterra, uma bebida pronta
de café com leite numa embalagem que se aquece sozinha, por
meio da reação química exotérmica em uma das camadas do
invólucro. A empresa desistiu
do produto porque não era
quente o suficiente para o inverno da Europa, mas as pesquisas continuam.
No Brasil, as embalagens ativas ajudam na conservação de
alimentos. Películas bactericidas retardam a degradação de
produtos perecíveis. Já são comuns saladas prontas em sacos
plásticos com atmosfera modificada, sem oxigênio, para aumentar a vida útil das folhas.
...RETRÔ
A volta às soluções do passado não está só no uso das embalagens retornáveis. Também no
design, a aparência antiga tem
sido escolhida para novos produtos e edições limitadas.
"Existe hoje uma tendência de
recuperar a história da marca.
A tradição é um valor, até para
os jovens", diz Gisela Schulzinger, que coodena o comitê de
design da Abre. Segundo a designer, como a diversidade da
oferta de mercadorias tem aumentado muito, os consumidores querem referências das
marcas que vão escolher.
O suco Laranja Caseira, da
Minute Maid, foi lançado com
uma embalagem quadriculada,
semelhante à de uma toalha de
piquenique. "É um apelo à memória afetiva", diz Dario Caldas, sociólogo e diretor do birô
de tendências Observatório de
Sinais, que prestou consultoria
à marca para direcionar o lançamento do suco ao mercado
de consumidores interessados
em "comfort food", algo como
comida de mãe. Ele cita outros
produtos que cativam pela memória, como os sabonetes Phebo e Granado e os perfumes da
Prada que usam vaporizadores
à moda antiga.
...SIMPLES
A embalagem do futuro, para
usar uma imagem bem simples,
vem embrulhada em papel
craft, tem aquela cor que antigamente era chamada de "cor
de papel de embrulho". Nada
de apelos feéricos ou formatos
viajantes: o design é austero.
O segredo do seu sucesso não
é o estilo vintage em si, mas a
simplicidade e a transparência.
"A vida está cheia de estímulos
demais. É melhor amenizar,
tornar as coisas mais agradáveis ao olhar", diz Paulo Al-Assal, diretor da Voltage, consultoria de tendências. Ele critica
os excessos visuais presentes
na maioria dos produtos no supermercado. "As marcas não
conseguem se diferenciar. Como o consumidor se decide
mesmo em frente à gôndola, a
empresa quer comunicar tudo
ali, ao mesmo tempo", diz.
Na tendência oposta, que o
birô Future Lab chama de
"Raw", ou cru, o produto se distingue pela embalagem minimalista, com pouca cor e mensagens muito simples, para
transmitir a essência do conteúdo ao consumidor.
Esse tipo de apresentação
tem sido adotada por conta das
preocupações ambientais dos
consumidores. A empresa, com
isso, tenta mostrar que também se preocupa, gasta menos
material, e diz, sem rodeios, o
que vende. "O segredo é ser autêntico", afirma Al-Assal.
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