São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2009

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GÔNDOLA [conheça melhor tudo que chega aos supermercados]

A ONDA DA EMBALAGEM MEGA


Produtos crescem, mas nem sempre aversão maior significa mais economia: às vezes, é só um estímulo ao aumento do consumo

CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Para gastar menos, você compra mais. Produtos tamanho "família" surgem nas gôndolas com o apelo da economia e do atendimento a situações específicas de consumo, como festas, por exemplo.
Skol, Antartica e Lacta lançaram versões maiores de cerveja, refrigerante e chocolate em 2008, a exemplo de outras marcas que vêm buscando se diferenciar com a promessa de uma relação custo/ benefício mais vantajosa para quem compra. É óbvio que as versões mega também estimulam o aumento do consumo.
Além de atrair pelo bolso, produtos em tamanhos gigantes dão mais exposição para as marcas. "Quando você cria uma nova embalagem, consegue mais um ponto de exposição. E, quando se trata de embalagens grandes, a exposição é maior ainda", diz Fábio Mestriner, coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem da ESPM.
Muitas vezes, comprar um produto em versão maior pode parecer vantajoso, mas acabar gerando desperdício ou consumo exagerado. É o caso de o consumidor se perguntar se vai mesmo usar toda aquela quantidade (de cerveja, de chocolate etc.) e em que prazo (muitos itens se estragam com o tempo).
"O aumento do consumo ou do desperdício depende do tipo de uso. Você talvez vá beber a cerveja maior até o fim. Mas a compra de um amaciante de dois litros não muda nada no seu hábito de consumo", diz Mestriner.
Já os fabricantes dizem que a onda tem duas razões: oferecer preço mais competitivo e satisfazer diferentes ocasiões de consumo.
"A relação preço por ml é boa, de 5% a 8% mais vantajosa", diz Carolina Faria, gerente da Skol, sobre o "litrão", lançado em julho no Sul e em setembro em São Paulo. Carolina explica que o produto foi pensado para momentos como festas e churrascos, em que o consumo aumenta.
A Coca-Cola de três litros sazonal, que surge nas gôndolas no fim de ano, também se dirige a essas circunstâncias. "Identificamos as ocasiões de consumo e oferecemos desde embalagens de 200 ml até de três litros", diz José Borda, diretor da Coca-Cola Brasil.
A Antartica também lançou um refrigerante gigante no ano passado, para o período de festas. Agora, o produto entrou para a linha permanente da marca. Na campanha publicitária que está no ar, o tubo de 3,3 litros de guaraná (será que cabe na sua geladeira?) é exibido com destaque, ao lado de outras embalagens, "para cada momento".
A tradicional barra de chocolate individual da Lacta, de 25 g, ganhou no fim do ano a companhia da de 70 g -quase o triplo do tamanho. "Com o aumento do poder de compra, o consumidor pode exigir outras indulgências", diz Eduardo Nigro, diretor da Kraft.
Quando, em 2004, a Toddy lançou seu pote de 800 g -o dobro da embalagem padrão- o slogan era "leve 800 g pague 700 g". Não convenceu. Ao mudar o apelo para "embalagem econômica", o efeito foi imediato, segundo a gerente de produto Cláudia Pires. "A versão maior é a que tem mais crescido em vendas nos últimos dois anos", diz.
Produtos recentes no mercado também andam com mania de grandeza. São o caso do antisséptico bucal Listerine e da pasta de avelã Nutella.
"A Nutella foi lançada na embalagem de 180 g, para o consumidor levar uma novidade sem risco de sobras ou alto desembolso", diz Serge van Wijck, diretor da Ferrero do Brasil. Depois da "aprendizagem", veio a versão de 350g.


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