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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]
EXCESSOS DO ‘ATACAREJO’
Em São Paulo, rede de atacadista atrai consumidor comum
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Você sabe dizer o preço exato de pelo menos um item de
sua última compra de supermercado? Tem ideia de quantos sacos de lixo gasta por
ano? Se adquirisse 20 pacotes
de café hoje, conseguiria usar
todos até maio, quando acaba
a validade? Quantas caixas de
sabão em pó consegue acomodar em casa sem atravancar a
vida? Seu vizinho toparia rachar o lote de 20 vidros de
azeite extravirgem?
Se você não tem noção, nem
vizinho tratável, nem espaço
sobrando, nem muito jeito
para conta (ainda mais quando há centavos envolvidos), é
provável que as vantagens dos
"atacarejos" não sejam para o
seu bico. Essas redes de atacadistas andam tentando atrair
o consumidor comum com a
promessa de vender no varejo
por preços parecidos com os
de atacado. Ainda que a cumpram, é de se pensar o que
têm realmente a oferecer,
além de um passeio pitoresco.
O Roldão Butantã é um
bom exemplo. Com empilhadeiras circulando entre gôndolas de pé-direito duplo e sacos de farinha do tamanho de
sacos de cimento, lembra uma
loja de material de construção. As mercadorias oferecidas no atacado vêm em quantidades industriais: caixas
com 144 pastas de dente, feixes com 140 palhas de aço, galões de 15 quilos de margarina. Assim como o paredão de
salsichas e as mussarelas de
quatro quilos, elas não se dirigem a quem tem uma casa,
mas um restaurante ou afim.
Garimpando entre pacotes
com 500 paçoquinhas, acha-se aqui e ali algo mais palatável, com preço bom e quantidade humanamente possível.
Nos "perecíveis", 36 hambúrgueres Seara valem R$ 13,50;
a lata de 500 g de manteiga
Aviação custa quase R$ 2 a
menos que no Pão de Açúcar.
Em limpeza, 500 sacos picotados, suficientes para mandar lanche de criança para a
escola por dois anos, custam
R$ 12; 24 detergentes, R$ 20.
Tostões poupados à parte, o
"atacarejo" vai na contramão
da ideia de racionalizar o consumo, comprar menos, valorizar a qualidade, preferir o que
é fresco. E, como constataram
nossos pais, já nos anos 70,
depois de dividir com os amigos sua cota de pacotes de 500
caixas de fósforos do Makro:
quando a novidade acaba, a
economia não compensa.
ONDE ENCONTRAR
Atacadista Roldão
av. Corifeu de Azevedo Marques,
3.672, Butantã, tel. (11) 3769-1010,
São Paulo
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