São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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Maria Inês Dolci [defesa do consumidor]

CARTÃO VERMELHO PARA O SENADO


Se as operadoras de cartões exageram nas taxas, que os comerciantes briguem com elas, não conosco


PREZADO CONSUMIDOR , como é dura a vida das pessoas que tentam fazer as coisas certas no Brasil, não?
Deveríamos ser apoiados pelos três Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo), mas não somos.
O dinheiro de plástico, o cartão de crédito, foi uma modernidade bem-vinda. Ele evita que tenhamos de sair de casa com muito dinheiro em espécie e suas faturas mensais são bons históricos de nosso padrão de consumo. Porém, para ter direito a tamanho conforto, pagamos, anualmente, taxas salgadas às operadoras.
Agora, nosso nobre Senado aprovou a cobrança de preços diferenciados para pagamentos com cartão de crédito. Ou seja, jogou no lixo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), demonstrando que, em sessões secretas ou abertas, os senadores não costumam pensar nos cidadãos -exceto naqueles com os quais compartilham o sobrenome ou a militância política.
Pagar mais caro ao comprar com cartão é assumir a briga dos lojistas com as operadoras. Algo que não cabe a nós. Eles que resolvam entre si qual a taxa correta e justa para essas operações. E que não venham nos repassar a conta.
Não bastassem os juros absurdos do crédito rotativo, agora os usuários de cartões de crédito passariam a ter mais esse ônus.
Bem, já sabemos que não podemos contar com ninguém, a não ser com nós mesmos. Então, leitor, simplesmente não compre nas lojas que cobrarem preços diferentes para formas de pagamento à vista, com cheque, dinheiro ou cartão.
Informe-se, como quem não quer nada, quais são os preços do produto ou do serviço que lhe interessa. Se houver, digamos, desconto para pagamento à vista, lembre que pagar com cartão, em uma só parcela, não é pagamento a prazo.
Caminhe um pouco mais, mas não abra mão de seus direitos.
Não se esqueça de anotar o nome de quem aprovou este projeto de lei de Conversão. Vá até o site do Senado e procure, ou faça a busca em um site especializado.
Na próxima eleição, mande lembranças com seu voto.
Como esse projeto ainda será votado na Câmara, temos tempo para brigar contra a sua aprovação.
O CDC foi uma conquista fora do comum para os brasileiros. Bem acima das que costumamos obter, e que representa uma pedra no sapato de todos aqueles que não respeitam o consumidor.
O tempo passa e o Código se torna ainda mais relevante para todos nós. Sem ele, dificilmente conseguiríamos trocar um produto com defeito. É só um exemplo, mas demonstra por que não podemos engolir esse presente senatorial.
Em tempo: não estou defendendo as operadoras de cartões de crédito, longe disso. Elas também usam e abusam de seus clientes.
O que não podemos é concordar com essa manobra que só agrada os lojistas. Se aqui na "terra brasilis" as operadoras exageram nas taxas, que os comerciantes briguem com elas, não conosco. Será mais eficaz, embora exija mais coragem do que para surrupiar os consumidores.

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br

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