São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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GENTE FINA POR UM DIA

Mais brasileiros recorrem ao aluguel de objetos luxuosos; oferta vai de obras de arte a jóias e bolsas de grife

BÁRBARA SEMERENE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a moda do aluguel de luxo, ficou fácil encarnar Cinderela. Dá para desfilar com bolsa Chanel, rodar de Ferrari, ostentar jóias e impressionar convidados exibindo obras de arte em casa. Nada é seu mesmo de verdade, mas e daí? Vale o passeio, ainda que rápido, no clube dos endinheirados.
Alugar é "in", já que consumir, hoje, é pagar por sensações. E se não for, ninguém precisa saber: há endereços discretos, em andares altos de prédios corporativos. A cliente entra de fininho e sai de lá fina.
A locação de itens "chiques", comum nos EUA, começou a aparecer com força no Brasil neste último ano. Já é tradição no mercado de cerimônias de casamento, mas a demanda para eventos menores cresceu.
A última novidade é a Feel Chic, que aluga acessórios de marcas como Salvatore Ferragamo e Louis Vuitton. É uma cópia das americanas Bag Borrow or Steal e Borrowed Bling. Aqui, o aluguel semanal de uma bolsa de R$ 8.000 chega a R$ 540. Mas quem paga para dar rolê com bolsa de grife?
Gente como a executiva Karina Zambotti, 42, que lá de Nova York explicou: "Aluguei uma Chanel dourada por R$ 400 para vir a uma reunião da empresa. Tenho uma Louis Vuitton, mas é menor. Venho para cá várias vezes por ano, já conhecia o conceito. Achei legal isso chegar ao Brasil: para mim, vale a pena alugar, porque compro uma, logo quero outra."
Há dois meses, José Américo Crippa incorporou uma Ferrari aos modelos que oferece na Luxxor, especializada em aluguel de carros para casamento. "Minha idéia inicial era tirar o noivo do papel de coadjuvante e colocá-lo num show à parte". Mas ele se surpreendeu com telefonemas de gente interessada em alugar a máquina para ocasiões menos solenes. Agora estuda um jeito seguro de fazer essas locações (sem motorista treinado embutido no pacote).
Há quatro meses, a Ferrari também foi incluída entre os carros da locadora Star Cars, que aluga só para casamentos: cobra R$ 2.000 por três horas.
Muitas vezes o aluguel funciona como "test drive", explica Danusa Soares, gerente da loja Século, em São Paulo, que aluga tapetes persas. "Já tive clientes que foram ficando com o tapete até comprar."
Já o decorador Nando Marmo aluga a fantasia completa. Cria cenários com móveis de estilo e obras de arte, que consegue de acervos pessoais. O aluguel de uma tela fica em 5% do seu valor, e Marmo diz cobrar por seu trabalho algo entre R$ 1.500 e R$ 25 mil. Exemplo de cliente? O executivo que fez "marketing de relacionamento" para fechar um contrato. "Coloquei santos barrocos, lustres Baccarat e uma tela do Di Cavalcanti na sala dele." Não se sabe se o contrato vingou, mas "ficou um luxo". O cliente, às vezes, quer impressionar por razão romântica: o decorador já montou cena com escultura de Victor Brecheret e tudo, para turbinar o pedido de casamento durante um jantar íntimo.


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