|
Próximo Texto | Índice
GENTE FINA POR UM DIA
Mais brasileiros recorrem ao aluguel de objetos luxuosos; oferta vai de obras de arte a jóias e bolsas de grife
BÁRBARA SEMERENE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com a moda do aluguel de luxo, ficou fácil encarnar Cinderela. Dá para desfilar com bolsa
Chanel, rodar de Ferrari, ostentar jóias e impressionar
convidados exibindo obras de
arte em casa. Nada é seu mesmo de verdade, mas e daí? Vale
o passeio, ainda que rápido, no
clube dos endinheirados.
Alugar é "in", já que consumir, hoje, é pagar por sensações. E se não for, ninguém precisa saber: há endereços discretos, em andares altos de prédios corporativos. A cliente entra de fininho e sai de lá fina.
A locação de itens "chiques",
comum nos EUA, começou a
aparecer com força no Brasil
neste último ano. Já é tradição
no mercado de cerimônias de
casamento, mas a demanda para eventos menores cresceu.
A última novidade é a Feel
Chic, que aluga acessórios de
marcas como Salvatore Ferragamo e Louis Vuitton. É uma
cópia das americanas Bag Borrow or Steal e Borrowed Bling.
Aqui, o aluguel semanal de uma
bolsa de R$ 8.000 chega a
R$ 540. Mas quem paga para
dar rolê com bolsa de grife?
Gente como a executiva Karina Zambotti, 42, que lá de Nova York explicou: "Aluguei uma
Chanel dourada por R$ 400 para vir a uma reunião da empresa. Tenho uma Louis Vuitton,
mas é menor. Venho para cá várias vezes por ano, já conhecia o
conceito. Achei legal isso chegar ao Brasil: para mim, vale a
pena alugar, porque compro
uma, logo quero outra."
Há dois meses, José Américo
Crippa incorporou uma Ferrari
aos modelos que oferece na
Luxxor, especializada em aluguel de carros para casamento.
"Minha idéia inicial era tirar o
noivo do papel de coadjuvante
e colocá-lo num show à parte".
Mas ele se surpreendeu com telefonemas de gente interessada
em alugar a máquina para ocasiões menos solenes. Agora estuda um jeito seguro de fazer
essas locações (sem motorista
treinado embutido no pacote).
Há quatro meses, a Ferrari
também foi incluída entre os
carros da locadora Star Cars,
que aluga só para casamentos:
cobra R$ 2.000 por três horas.
Muitas vezes o aluguel funciona como "test drive", explica
Danusa Soares, gerente da loja
Século, em São Paulo, que aluga
tapetes persas. "Já tive clientes
que foram ficando com o tapete
até comprar."
Já o decorador Nando Marmo aluga a fantasia completa.
Cria cenários com móveis de
estilo e obras de arte, que consegue de acervos pessoais. O
aluguel de uma tela fica em 5%
do seu valor, e Marmo diz cobrar por seu trabalho algo entre
R$ 1.500 e R$ 25 mil. Exemplo
de cliente? O executivo que fez
"marketing de relacionamento" para fechar um contrato.
"Coloquei santos barrocos, lustres Baccarat e uma tela do Di
Cavalcanti na sala dele." Não se
sabe se o contrato vingou, mas
"ficou um luxo". O cliente, às
vezes, quer impressionar por
razão romântica: o decorador já
montou cena com escultura de
Victor Brecheret e tudo, para
turbinar o pedido de casamento durante um jantar íntimo.
Próximo Texto: Pose para quem pode Índice
|