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POSE PARA QUEM PODE
É fácil bancar o endinheirado: basta ter dinheiro para alugar um carro de luxo, uma jóia, uma obra de arte
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Alugar jóias é comum, principalmente entre atrizes globais
e modelos internacionais. A designer de jóias Rosana Chinche,
nesse mercado há dez anos, diz
que vem crescendo o número
de clientes "normais" no último ano. "Tem gente que aluga
uma jóia só para um jantar. Não
são necessariamente pessoas
que não podem comprar; querem variar a jóia a cada roupa
que usam. Antes, só se usavam
jóias de família, clássicas. Hoje
ninguém mais quer isso, e sim o
último lançamento."
Indo um pouco mais longe,
quem tem dinheiro consegue
alugar mansões de celebridades em ilhas privativas, com
serviço personalizado de concierge. Lá fora, o serviço é prestado por empresas que têm sites na internet, como a Villas of
the World, Unusual Villa Rentals, Island Outposts, Cazenove
& Loyd e Private World Villas.
No Brasil, há a Matueté, a Top
Villas e a Brazilian Beach House. Um dos poderosos que entrou no esquema e colocou uma
de suas casas para alugar no
Brasil foi o arquiteto Sig Bergamin, intermediado pela Brazilian Beach House. Os hóspedes
são estrangeiros na maioria,
muitas vezes pop stars que querem evitar os paparazzi nas
portas de hotéis. Entre os que já
vieram ao Brasil nesse esquema estão Annie Lennox, vocalista do Eurythmics, John Illsley, baixista do Dire Straits, e
todos os membros do U2. Um
aluguel desses varia de US$ 10
mil a US$ 500 mil por dez dias.
As casas em questão valem, em
média, 5 milhões de euros.
Atitude "sustentável"
"Acho inteligente e até um
comportamento sustentável
alugar em vez de comprar algo
que você não vai usar com freqüência. Demonstra o bom gosto de quem aspira chegar lá e já
tem um comportamento compatível com quem realmente
chegou no topo", opina o professor Silvio Passareli, diretor
do programa de Gestão do Luxo, da Faap, em São Paulo.
Já Paula Mansur, uma das diretoras da Luxury Marketing
Council, organização internacional que reúne mais de 800
empresas do setor, não gostou
muito da idéia e acha que não
vai deslanchar aqui: "Brasileiro
não gosta de compartilhar produtos, é cultural. Além do que, é
cafona, coisa de gente "wanna
be". Ou você pode comprar ou
não pode. Uma bolsa de grife
deve ser comprada porque tem
uma qualidade melhor, é bem
feita por dentro, tem um design
bacana. O objetivo deveria ser a
praticidade, não a ostentação."
Terceirização
Locatários de fino trato podem contratar profissionais para garimpar produtos. É o que
faz o grupo Valverde Newcomers, especializado em alugar
tudo e qualquer coisa para famílias de executivos estrangeiros que foram transferidos por
um período para filiais brasileiras de multinacionais. "Comecei esse negócio há 30 anos, primeiro alugando apenas imóveis
de alto gabarito. Mas, como
percebi a dificuldade dos estrangeiros em adquirir objetos
que queriam deixar para trás na
hora de ir embora, ampliei a linha de produtos", conta o dono
da empresa, Carlos Francisco
Valverde. Ele realiza verdadeiros milagres. Parceiro de várias
empresas, tem um catálogo de
consulta na loja. Se a pessoa pede algo que não existe para alugar, Valverde faz o investimento: compra, aluga para o cliente,
e assim vai aumentando o seu
estoque. O aluguel não é nada
barato, muitas vezes equivale a
uma prestação daquele item.
Mas quem procura os serviços
do grupo não está nem aí: quer
saber é de comodidade.
(BÁRBARA SEMERENE)
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