São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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POSE PARA QUEM PODE

É fácil bancar o endinheirado: basta ter dinheiro para alugar um carro de luxo, uma jóia, uma obra de arte

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alugar jóias é comum, principalmente entre atrizes globais e modelos internacionais. A designer de jóias Rosana Chinche, nesse mercado há dez anos, diz que vem crescendo o número de clientes "normais" no último ano. "Tem gente que aluga uma jóia só para um jantar. Não são necessariamente pessoas que não podem comprar; querem variar a jóia a cada roupa que usam. Antes, só se usavam jóias de família, clássicas. Hoje ninguém mais quer isso, e sim o último lançamento."
Indo um pouco mais longe, quem tem dinheiro consegue alugar mansões de celebridades em ilhas privativas, com serviço personalizado de concierge. Lá fora, o serviço é prestado por empresas que têm sites na internet, como a Villas of the World, Unusual Villa Rentals, Island Outposts, Cazenove & Loyd e Private World Villas. No Brasil, há a Matueté, a Top Villas e a Brazilian Beach House. Um dos poderosos que entrou no esquema e colocou uma de suas casas para alugar no Brasil foi o arquiteto Sig Bergamin, intermediado pela Brazilian Beach House. Os hóspedes são estrangeiros na maioria, muitas vezes pop stars que querem evitar os paparazzi nas portas de hotéis. Entre os que já vieram ao Brasil nesse esquema estão Annie Lennox, vocalista do Eurythmics, John Illsley, baixista do Dire Straits, e todos os membros do U2. Um aluguel desses varia de US$ 10 mil a US$ 500 mil por dez dias. As casas em questão valem, em média, 5 milhões de euros.

Atitude "sustentável"
"Acho inteligente e até um comportamento sustentável alugar em vez de comprar algo que você não vai usar com freqüência. Demonstra o bom gosto de quem aspira chegar lá e já tem um comportamento compatível com quem realmente chegou no topo", opina o professor Silvio Passareli, diretor do programa de Gestão do Luxo, da Faap, em São Paulo.
Já Paula Mansur, uma das diretoras da Luxury Marketing Council, organização internacional que reúne mais de 800 empresas do setor, não gostou muito da idéia e acha que não vai deslanchar aqui: "Brasileiro não gosta de compartilhar produtos, é cultural. Além do que, é cafona, coisa de gente "wanna be". Ou você pode comprar ou não pode. Uma bolsa de grife deve ser comprada porque tem uma qualidade melhor, é bem feita por dentro, tem um design bacana. O objetivo deveria ser a praticidade, não a ostentação."

Terceirização
Locatários de fino trato podem contratar profissionais para garimpar produtos. É o que faz o grupo Valverde Newcomers, especializado em alugar tudo e qualquer coisa para famílias de executivos estrangeiros que foram transferidos por um período para filiais brasileiras de multinacionais. "Comecei esse negócio há 30 anos, primeiro alugando apenas imóveis de alto gabarito. Mas, como percebi a dificuldade dos estrangeiros em adquirir objetos que queriam deixar para trás na hora de ir embora, ampliei a linha de produtos", conta o dono da empresa, Carlos Francisco Valverde. Ele realiza verdadeiros milagres. Parceiro de várias empresas, tem um catálogo de consulta na loja. Se a pessoa pede algo que não existe para alugar, Valverde faz o investimento: compra, aluga para o cliente, e assim vai aumentando o seu estoque. O aluguel não é nada barato, muitas vezes equivale a uma prestação daquele item. Mas quem procura os serviços do grupo não está nem aí: quer saber é de comodidade.
(BÁRBARA SEMERENE)


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