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DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidaseticas@folhasp.com.br]
Com a crise do gás na Bolívia, devo comprar fogão elétrico?
CYRUS AFSHAR
DA REPORTAGEM LOCAL
O fogão elétrico não é mais
confiável que o fogão a gás e é
pior em termos ambientais, já
que usa uma grande quantidade de energia elétrica. "O
uso de eletricidade para gerar
calor é bobo do ponto de vista
do bom uso dos recursos naturais. Não é um consumo
energético lógico", afirma Edmilson Moltinho, 46, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.
Segundo dados da Abegás
(Associação Brasileira das
Empresas Distribuidoras de
Gás Canalizado), em julho,
77% do gás consumido no Estado de São Paulo era boliviano. Ainda assim, Moltinho defende que é mais provável haver queda no fornecimento de
energia de uma casa do que no
abastecimento de gás. "Não é
uma troca boa [o fogão a gás
pelo fogão elétrico]. Se houver
corte no gás, as empresas vão
racionar a demanda da indústria, e, se precisar, a dos automóveis. Tudo para não mexer
no gás residencial", diz.
Isso porque as residências
paulistas usam apenas 2,8%
do volume de gás consumido
no Estado, mas geram cerca
de 20% das receitas das empresas de gás. "A tarifa doméstica é muito favorável para as
fornecedoras", diz.
Já o gás de botijão é ainda
mais confiável em termos de
segurança do fornecimento, já
que é feito a partir do petróleo
nacional ou importado. "Mas,
se onde você mora tem gás encanado, não vale a pena trocar
pelo gás de botijão. Além dos
custos de adaptação, você acaba trocando a segurança no
fornecimento pela insegurança física", diz Moltinho.
Colaborou FRANCISCO FELITTI
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