São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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CRÍTICA DE LOJA [questão de gosto e opinião]

SEGREDOS DO VAREJÃO

Magazine Luiza chega a São Paulo fazendo barulho


As armas que dona Luiza apresenta não tornam os juros menos perigosos, mas explicam os resultados que fazem da rede um 'case'

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como convém à terceira maior rede de varejo do país, o Magazine Luiza chegou à cidade na semana passada fazendo alarde. No mesmo dia, abriu 44 lojas, que amanheceram "embrulhadas para presente". Fosse lá o que fosse, na prática -provavelmente, só um monte de serpentina-, o fato é que o truque funcionou.
Na loja da Teodoro Sampaio, enquanto os concorrentes vizinhos amargavam o desprezo dos passantes, o movimento para ver a novidade ainda era grande, dias mais tarde.
As inovações que fizeram a rede cair no gosto da nova classe média brasileira não ficam óbvias para quem encara o caos visual e sonoro da loja.
O esquema parece o mesmíssimo que o comércio popular faz há décadas. Lá está o homem do microfone, que galanteia as "freguesas" com voz de Silvio Santos, e a música histérica que o rende quando ele pára para tomar ar. Lá estão as placas que anunciam o valor da parcela do eletrodoméstico em números gigantes e dizem, em letras minúsculas, que será preciso desembolsar a grana 18 vezes.
Embora não tornem as coisas menos caóticas e nem os juros menos perigosos, as armas que dona Luiza vai apresentando aos poucos decerto ajudam a explicar os resultados que fizeram da rede um "case". Como o exército de funcionários que abordam o cliente, pranchetinha na mão, convidando para "fazer o cartão do Magazine"; ou as vantagens adicionais da fidelidade, que somam ao crédito facilitado descontos em lojas de roupas, locadoras de DVD e até em postos de gasolina.
Talvez a maior sacada da rede seja combinar ao esquema varejão tradicional, com linha de crédito própria, uma "cesta básica" renovada, que põe todas as manias da classe média ao alcance daqueles que estão ascendendo ao mundo do consumo. De pequenos gadgets, como pen drives e câmeras digitais, às telas de plasma; de grills às bicicletas ergométricas. Tudo junto, para incitar ao "aproveita e leva".
Falta renovar a oferta de móveis, que, até aqui, é composta pelo mesmo tipo de estofado grotesco e compensado de péssima qualidade que você vê nas casas do quadro "Lar Doce Lar", do programa do Luciano Huck -só que antes da passagem redentora do arquiteto fada-madrinha.


ONDE ENCONTRAR Magazine Luiza
r. Teodoro Sampaio, 2.625, Pinheiros, tel. (11) 3092-3000, São Paulo www.magazineluiza.com.br



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