|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gôndola [conheça melhor tudo que chega nos supermercados]
Salsicha sabor chocolate
A maluquice acima ainda não foi criada, mas os cruzamentos bizarros da indústria de alimentos são tantos que já está difícil achar batata frita com cheiro de batata frita ou margarina com gosto de margarina
DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova geração de alimentos
industrializados pode ofender
paladares mais conservadores:
frango sabor salsicha, salsicha
sabor pizza, salgadinho sabor
frango grelhado e até manteiga
com gosto de brigadeiro.
A indústria tem várias maneiras de explicar essas confusões, desde a "diversificação"
até a necessidade de rejuvenescer a marca ou celebrar a culinária regional. "O brasileiro
gosta da inovação", acredita a
engenheira de alimentos Alessandra Bertolini, gerente de
pesquisas do consumidor na
IFF (International Flavors and
Fragrances), multi que produz
aromatizantes. As invenções,
segundo a engenheira, aumentam as vendas por causa da curiosidade: as pessoas compram
para experimentar e, com isso,
o produto pode se firmar. "O
sucesso das águas saborizadas é
um exemplo disso", diz.
Até alimentos que têm seu
gosto original como marca registrada estão seguindo a onda,
caso do Polenguinho, que além
de introduzir versões lembrando gorgonzola, gruyère e pizza,
lançou variações "morango" e
"chocolate", voltadas ao público infantil, segundo o diretor de
marketing, Paulo Netto.
A Bunge foi ainda mais longe,
com a margarina sabor brigadeiro. "Segundo as nossas pesquisas, o consumidor usa o sabor convencional no café da
manhã, e os diferentes na hora
de um petisco ou para finalizar
pratos", diz Oscar Luzardo, gerente de marketing da marca.
Tanto os sabores simples
quanto os mais loucos são possíveis devido aos aromatizantes, compostos naturais ou sintéticos que realçam o gosto das
coisas. Hoje, até um salgadinho
de milho tem adição de aroma
de milho, porque seu cheiro e
gosto natural se perdem no
processo industrial.
A questão, segundo Alessandra Lopes, professora do departamento de engenharia de alimentos da USP, é saber a origem dos aromatizantes, informação que alguns rótulos ainda
sonegam. "Hoje há a preocupação de usar os aromas naturais
ou com moléculas idênticas às
dos naturais, que são mais saudáveis. Mas os artificiais são
mais baratos".
Texto Anterior: Liquidações Próximo Texto: Belo Horizonte: Os endereços preferidos de Ronaldo Fraga Índice
|