São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Gôndola [conheça melhor tudo que chega nos supermercados]

Salsicha sabor chocolate

A maluquice acima ainda não foi criada, mas os cruzamentos bizarros da indústria de alimentos são tantos que já está difícil achar batata frita com cheiro de batata frita ou margarina com gosto de margarina

DÉBORA MISMETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova geração de alimentos industrializados pode ofender paladares mais conservadores: frango sabor salsicha, salsicha sabor pizza, salgadinho sabor frango grelhado e até manteiga com gosto de brigadeiro.
A indústria tem várias maneiras de explicar essas confusões, desde a "diversificação" até a necessidade de rejuvenescer a marca ou celebrar a culinária regional. "O brasileiro gosta da inovação", acredita a engenheira de alimentos Alessandra Bertolini, gerente de pesquisas do consumidor na IFF (International Flavors and Fragrances), multi que produz aromatizantes. As invenções, segundo a engenheira, aumentam as vendas por causa da curiosidade: as pessoas compram para experimentar e, com isso, o produto pode se firmar. "O sucesso das águas saborizadas é um exemplo disso", diz.
Até alimentos que têm seu gosto original como marca registrada estão seguindo a onda, caso do Polenguinho, que além de introduzir versões lembrando gorgonzola, gruyère e pizza, lançou variações "morango" e "chocolate", voltadas ao público infantil, segundo o diretor de marketing, Paulo Netto.
A Bunge foi ainda mais longe, com a margarina sabor brigadeiro. "Segundo as nossas pesquisas, o consumidor usa o sabor convencional no café da manhã, e os diferentes na hora de um petisco ou para finalizar pratos", diz Oscar Luzardo, gerente de marketing da marca.
Tanto os sabores simples quanto os mais loucos são possíveis devido aos aromatizantes, compostos naturais ou sintéticos que realçam o gosto das coisas. Hoje, até um salgadinho de milho tem adição de aroma de milho, porque seu cheiro e gosto natural se perdem no processo industrial.
A questão, segundo Alessandra Lopes, professora do departamento de engenharia de alimentos da USP, é saber a origem dos aromatizantes, informação que alguns rótulos ainda sonegam. "Hoje há a preocupação de usar os aromas naturais ou com moléculas idênticas às dos naturais, que são mais saudáveis. Mas os artificiais são mais baratos".


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