São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Organização espacial confunde consumidor

DA REPORTAGEM LOCAL

A placa diz: "piso Veiga Filho". Mas onde está a loja que o consumidor procura? Apesar da criatividade na hora de dar nomes aos pisos e corredores, os shoppings nem sempre colocam sinalizações eficientes. Quando fazem expansões, como no Morumbi ou no Iguatemi, em que novas lojas são inauguradas, as placas aparecem. Mas tente chegar do térreo ao fraldário no Morumbi se guiando somente pelas placas.
"Isso não é uma prioridade para os administradores", diz o arquiteto Rafic Farah, diretor da Escola da Cidade. "O shopping é um labirinto do mercado, feito para que as pessoas permaneçam ali pelo maior tempo possível", diz Farah, 59.
Apesar da arquitetura externa reta, o formato dos corredores de shoppings varia. O Aricanduva tem ruas internas em curva com nomes de bairros da zona leste. O visitante anda e parece que o shopping nunca vai acabar. No Higienópolis, o problema são os andares: cinco, e no inferior, o Buenos Aires, o espaço das lojas é dividido ao meio pelo estacionamento. A não ser que a pessoa suba um andar e desça pelo outro lado, não há como evitar a travessia entre os carros. A confusão fica maior ainda quando o sentido das escadas rolantes é mudado sem parar. O Jardim Sul, ainda que seja o menor dos dez shoppings visitados pela reportagem, é um dos mais complicados na sinalização, porque há pouquíssimas placas.
Para o arquiteto Rafic Farah, seria necessário que esses estabelecimentos seguissem regulamentações impostas pelo poder público. "A primeira deveria ser limitar o número de shoppings. São Paulo já chegou ao limite", diz Farah. Apesar de ser a sensação de segurança o maior atrativo dos shoppings, ele credita ao esvaziamento das ruas comerciais boa parte dos problemas com a violência. "A rua fica abandonada e isso facilita a ação dos marginais, além de diminuir a sensação de cidadania, os encontros com pessoas de diferentes origens dentro da cidade". Farah aponta uma solução que poderia amenizar o impacto das construções na paisagem urbana. "Os térreos poderiam ser abertos, estruturados em pilotis, para que fosse possível ver o que se passa ali dentro." (DM)


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