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Organização espacial confunde consumidor
DA REPORTAGEM LOCAL
A placa diz: "piso Veiga Filho". Mas onde está a loja que o
consumidor procura? Apesar
da criatividade na hora de dar
nomes aos pisos e corredores,
os shoppings nem sempre colocam sinalizações eficientes.
Quando fazem expansões, como no Morumbi ou no Iguatemi, em que novas lojas são
inauguradas, as placas aparecem. Mas tente chegar do térreo ao fraldário no Morumbi se
guiando somente pelas placas.
"Isso não é uma prioridade
para os administradores", diz o
arquiteto Rafic Farah, diretor
da Escola da Cidade. "O shopping é um labirinto do mercado, feito para que as pessoas
permaneçam ali pelo maior
tempo possível", diz Farah, 59.
Apesar da arquitetura externa reta, o formato dos corredores de shoppings varia. O Aricanduva tem ruas internas em
curva com nomes de bairros da
zona leste. O visitante anda e
parece que o shopping nunca
vai acabar. No Higienópolis, o
problema são os andares: cinco,
e no inferior, o Buenos Aires, o
espaço das lojas é dividido ao
meio pelo estacionamento. A
não ser que a pessoa suba um
andar e desça pelo outro lado,
não há como evitar a travessia
entre os carros. A confusão fica
maior ainda quando o sentido
das escadas rolantes é mudado
sem parar. O Jardim Sul, ainda
que seja o menor dos dez shoppings visitados pela reportagem, é um dos mais complicados na sinalização, porque há
pouquíssimas placas.
Para o arquiteto Rafic Farah,
seria necessário que esses estabelecimentos seguissem regulamentações impostas pelo poder público. "A primeira deveria ser limitar o número de
shoppings. São Paulo já chegou
ao limite", diz Farah. Apesar de
ser a sensação de segurança o
maior atrativo dos shoppings,
ele credita ao esvaziamento das
ruas comerciais boa parte dos
problemas com a violência. "A
rua fica abandonada e isso facilita a ação dos marginais, além
de diminuir a sensação de cidadania, os encontros com pessoas de diferentes origens dentro da cidade". Farah aponta
uma solução que poderia amenizar o impacto das construções na paisagem urbana. "Os
térreos poderiam ser abertos,
estruturados em pilotis, para
que fosse possível ver o que se
passa ali dentro."
(DM)
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