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Duilio Ferronato vai às compras (colunista em campo)
Brinquedos antigos e tênis modernos fazem o colunista anticonsumista se render às vitrines do miolo de São Paulo
Meu quadrado no centro
DUILIO FERRONATO
COLUNISTA DA FOLHA
Fazer compras nunca foi
meu passatempo favorito. Na
verdade só compro quando as
coisas já estão acabando.
O mais perto que chego do
consumo é quando vou ao centro de São Paulo, às quartas-feiras, para a aula de desenho com
modelo vivo na Associação
Paulista de Belas Artes.
Saio direto do metrô República para a galeria Itapetininga. Lá tem uns malucos que
vendem brinquedos antigos.
São vitrines de donos diferentes, cada um com sua especialidade: soldadinhos, brindes,
brinquedos de filmes, carrinhos. Os preços às vezes assustam ou dão dó, e costumo mais
olhar que comprar. Nem tenho
uma coisa que pode ser chamada de coleção, mas já é uma estante com mais de 200 itens
que se proliferam mais pelos
regalos dos amigos do que pelas
minhas modestas aquisições.
A próxima gastança vai ser
com o robô do "Perdidos no Espaço", que já estou querendo há
algum tempo. Quando compro
um brinquedo novo, primeiro
ele passa uns dias na minha
mesa para eu me acostumar
com ele, e ele com a casa, só depois é que vai morar na estante
com os amiguinhos.
Em casa, tudo é mais ou menos controlado assim: quando
entra uma coisa nova tem que
sair alguma velha (nem sempre
funciona, mas eu tento). Então,
essa coisa de comprar muitas
roupas, tênis e sapatos nunca
foi minha praia. Sapato, só tenho um par, tênis, quatro pares,
e havaianas, um par de cada cor
(isso foi um descontrole ao passar na frente de um atacadista).
Faz um tempão que não
compro tênis, só que não consigo deixar de ir ver as vitrines na
galeria do Rock. Tem All Star de
tudo que é modelo e bem barato, mas agora que estou ficando
tiozinho não dá mais para usar
tênis de sola baixa porque dá
dor nas costas. Também fico
namorando as fotos de tatuagens na frente das "clínicas".
Talvez um dia eu tome uns quatro analgésicos e me anime a fazer uma.
Agora, livros são uma fraqueza. Não consigo dar os velhos e
continuo comprando novos. Na
frente da galeria fica a livraria
Temos Livros-dá impressão
de ser um sebo, mas os vendedores dizem que não é. É uma
delícia ficar olhando os títulos
lá - essas megalivrarias me dão
um pouco de zoeira na cabeça.
Na última visita comprei um livro do Theodor Adorno e outro
do Machado de Assis.
Para completar o dia, como
um bauru com suco de laranja
no Ponto Chic. Eles fizeram
uma reforma medonha, mas o
lanche não mudou, ainda bem.
Onde encontrar
GALERIA ITAPETININGA
r. Sete de abril, 356
GALERIA DO ROCK
r. 24 de maio, 62
LIVRARIA TEMOS LIVROS
av. São João, 526,
tel. (11) 3223-2585
PONTO CHIC
largo do Paissandu, 27,
tel. (11) 3222-6528
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