São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Duilio Ferronato vai às compras (colunista em campo)

Brinquedos antigos e tênis modernos fazem o colunista anticonsumista se render às vitrines do miolo de São Paulo

Meu quadrado no centro

DUILIO FERRONATO
COLUNISTA DA FOLHA

Fazer compras nunca foi meu passatempo favorito. Na verdade só compro quando as coisas já estão acabando.
O mais perto que chego do consumo é quando vou ao centro de São Paulo, às quartas-feiras, para a aula de desenho com modelo vivo na Associação Paulista de Belas Artes.
Saio direto do metrô República para a galeria Itapetininga. Lá tem uns malucos que vendem brinquedos antigos. São vitrines de donos diferentes, cada um com sua especialidade: soldadinhos, brindes, brinquedos de filmes, carrinhos. Os preços às vezes assustam ou dão dó, e costumo mais olhar que comprar. Nem tenho uma coisa que pode ser chamada de coleção, mas já é uma estante com mais de 200 itens que se proliferam mais pelos regalos dos amigos do que pelas minhas modestas aquisições.
A próxima gastança vai ser com o robô do "Perdidos no Espaço", que já estou querendo há algum tempo. Quando compro um brinquedo novo, primeiro ele passa uns dias na minha mesa para eu me acostumar com ele, e ele com a casa, só depois é que vai morar na estante com os amiguinhos.
Em casa, tudo é mais ou menos controlado assim: quando entra uma coisa nova tem que sair alguma velha (nem sempre funciona, mas eu tento). Então, essa coisa de comprar muitas roupas, tênis e sapatos nunca foi minha praia. Sapato, só tenho um par, tênis, quatro pares, e havaianas, um par de cada cor (isso foi um descontrole ao passar na frente de um atacadista).
Faz um tempão que não compro tênis, só que não consigo deixar de ir ver as vitrines na galeria do Rock. Tem All Star de tudo que é modelo e bem barato, mas agora que estou ficando tiozinho não dá mais para usar tênis de sola baixa porque dá dor nas costas. Também fico namorando as fotos de tatuagens na frente das "clínicas". Talvez um dia eu tome uns quatro analgésicos e me anime a fazer uma.
Agora, livros são uma fraqueza. Não consigo dar os velhos e continuo comprando novos. Na frente da galeria fica a livraria Temos Livros-dá impressão de ser um sebo, mas os vendedores dizem que não é. É uma delícia ficar olhando os títulos lá - essas megalivrarias me dão um pouco de zoeira na cabeça. Na última visita comprei um livro do Theodor Adorno e outro do Machado de Assis.
Para completar o dia, como um bauru com suco de laranja no Ponto Chic. Eles fizeram uma reforma medonha, mas o lanche não mudou, ainda bem.


Onde encontrar
GALERIA ITAPETININGA

r. Sete de abril, 356

GALERIA DO ROCK
r. 24 de maio, 62

LIVRARIA TEMOS LIVROS
av. São João, 526,
tel. (11) 3223-2585

PONTO CHIC
largo do Paissandu, 27,
tel. (11) 3222-6528


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