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Crítica de loja [questão de gosto e de opinião]
Perfumes, princesas e imaginação além da conta
Loja de cosméticos inuagurada na região dos Jardins, em São Paulo, tem funcionárias fantasiadas, salas forradas de espelhos e fetiches aromáticos um pouco caros
A moça de camisola oferece explicações sobre as linhas, cujos nomes padecem daquela afetação meio duvidosa dos nomes de prédios: "White Tea", "Blue De Mer" e "Gold Imperial"
TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para o bem e para o mal, a
nova Tânia Bulhões Perfumes
não se qualifica como "loja-conceito". Em vez do recorte
original de produtos que caracteriza as melhores casas
desse ramo já nem tão novo,
ela oferece perfumes, cremes,
xampus e demais fetiches aromáticos divididos em "linhas"
e arrumados em "ambientes"
que reforçam a "personalidade" de cada uma, no intuito
nada conceitual de torná-las
mais atraentes. Por outro lado,
a loja é simpática e não pratica
a inversão perversa que faz de
algumas lojas-conceito um
enigma para o consumidor,
que não entende o que está à
venda, quanto custa e nem onde fica o caixa, e ainda se sente
um idiota por querer saber.
A loja fica na rua Colômbia,
terra do Jaguar e da Maseratti.
Desarme-se na entrada, se você não gosta de dizer seu nome
nem de ser seguido por vendedora o tempo inteiro. O tour
guiado pelos ambientes é obrigatório e, detalhe: as funcionárias se vestem de princesas.
No caminho entre salas forradas de espelhos ou papel de
parede que imita gravuras antigas, a moça de camisola oferece explicações sobre as linhas, cujos nomes padecem
daquela afetação meio duvidosa dos nomes de prédios: White Tea, Blue de Mer, Imperial
Gold. Igualmente duvidosas
são as misturas que a loja faz
de lingerie e perfume, chocolate e perfume e, sobretudo,
bebê e perfume; a sala dedicada à linha infantil, Prince &
Princess, oferece um sabonete
líquido especial para as visitas
lavarem a mão antes de pegar
a criança. Você há de convir:
elas pensam em tudo.
Rasantes de imaginação à
parte, há aromas agradáveis
por preços quase razoáveis
(R$ 75 o vidro de 50 ml), doçuras salgadas, como o gloss de
chocolate (R$ 47), miudezas
acessíveis em embalagens bonitas, como os sabonetes vegetais (R$ 14) e até boas compras, como os xampus da linha
Amazônia (R$ 32). A empresária deveria levar adiante o projeto louvável de produzir concorrência para L'Ocittane e
Lush, que detêm o monopólio
de gêneros "básicos" como velas aromáticas e óleos de massagem comestível. Nesses
quesitos, a loja oferece pouco
prazer por um preço semelhante ao que as gringas cobram por visões do paraíso.
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