São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Crítica de loja [questão de gosto e de opinião]

Perfumes, princesas e imaginação além da conta

Loja de cosméticos inuagurada na região dos Jardins, em São Paulo, tem funcionárias fantasiadas, salas forradas de espelhos e fetiches aromáticos um pouco caros

A moça de camisola oferece explicações sobre as linhas, cujos nomes padecem daquela afetação meio duvidosa dos nomes de prédios: "White Tea", "Blue De Mer" e "Gold Imperial"

TETÉ MARTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para o bem e para o mal, a nova Tânia Bulhões Perfumes não se qualifica como "loja-conceito". Em vez do recorte original de produtos que caracteriza as melhores casas desse ramo já nem tão novo, ela oferece perfumes, cremes, xampus e demais fetiches aromáticos divididos em "linhas" e arrumados em "ambientes" que reforçam a "personalidade" de cada uma, no intuito nada conceitual de torná-las mais atraentes. Por outro lado, a loja é simpática e não pratica a inversão perversa que faz de algumas lojas-conceito um enigma para o consumidor, que não entende o que está à venda, quanto custa e nem onde fica o caixa, e ainda se sente um idiota por querer saber.
A loja fica na rua Colômbia, terra do Jaguar e da Maseratti. Desarme-se na entrada, se você não gosta de dizer seu nome nem de ser seguido por vendedora o tempo inteiro. O tour guiado pelos ambientes é obrigatório e, detalhe: as funcionárias se vestem de princesas.
No caminho entre salas forradas de espelhos ou papel de parede que imita gravuras antigas, a moça de camisola oferece explicações sobre as linhas, cujos nomes padecem daquela afetação meio duvidosa dos nomes de prédios: White Tea, Blue de Mer, Imperial Gold. Igualmente duvidosas são as misturas que a loja faz de lingerie e perfume, chocolate e perfume e, sobretudo, bebê e perfume; a sala dedicada à linha infantil, Prince & Princess, oferece um sabonete líquido especial para as visitas lavarem a mão antes de pegar a criança. Você há de convir: elas pensam em tudo.
Rasantes de imaginação à parte, há aromas agradáveis por preços quase razoáveis (R$ 75 o vidro de 50 ml), doçuras salgadas, como o gloss de chocolate (R$ 47), miudezas acessíveis em embalagens bonitas, como os sabonetes vegetais (R$ 14) e até boas compras, como os xampus da linha Amazônia (R$ 32). A empresária deveria levar adiante o projeto louvável de produzir concorrência para L'Ocittane e Lush, que detêm o monopólio de gêneros "básicos" como velas aromáticas e óleos de massagem comestível. Nesses quesitos, a loja oferece pouco prazer por um preço semelhante ao que as gringas cobram por visões do paraíso.


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