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Luxo líquido
DA REDAÇÃO
Uma garrafinha d'água foi
leiloada, em Dubai, por US$ 23
mil. Parece bizarro, e é. Acontece que o leilão de míseros 750
ml do recurso vital tem mais a
ver com o futuro próximo e
com a realidade do planeta do
que aquela cena, ainda comum
em cidades brasileiras: alguém
de mangueira na mão, lavando
a calçada. É bem mais bizarro.
Todos sabem que aquele rol
de medidas simples (acelerar o
banho, regular a torneira etc.),
mais repetidas do que praticadas, pode ajudar a reduzir o
desperdício. São cuidados urgentes hoje, no mundo, e agora,
no Brasil, quando o verão costuma aumentar bastante o consumo do líquido luxuoso.
E ponha luxuoso nisso. O
contraponto mercadológico
para essa maior compreensão
de que água é um bem finito é a
sofisticação cada vez maior do
produto-água. Com mais "valor
agregado", a água não escapará
da ritualização sem fim que pegou e pega tantas outras coisas
até pouco tempo simples, por
exemplo o cafezinho.
Não basta ser água: tem que
ser importada, perfumada, saída das geleiras do Himalaia, saborizada, engarrafada em vidro
criado pelo estilista da vez...
"O que se pode prever é um
desenvolvimento crescente do
market share das águas entre as
bebidas. Os números mostram
que o consumo de refrigerantes
continua a cair nos EUA e na
Europa. O Brasil é iniciante na
diversificação de "derivados" da
água, se olharmos o que acontece no mercado global", diz o sociólogo Dario Caldas, da consultoria de tendências Observatório de Sinais -segundo
quem a água foi o líquido que
mais subiu de preço nos últimos anos, mais que o petróleo.
Nas projeções para 2009, o
birô destaca a tendência crescente de produtos posicionados como "comfort drinks",
emocionais, aqueles "que vendem um estado de alma", como
diz Caldas. Não se espante, porque a água com "florais de
Bach" já chegou ao supermercado. Já aquela pura e simples,
potável, escasseia a olhos nus.
Até 2025, o consumo
de água deve crescer 50%
nos países em
desenvolvimento e 18%
nos desenvolvidos
Para um consumo mais elegante
>> Ao usar barbeador elétrico, você
economiza até 80 litros de água
>> Em oito minutos de uso, um
chuveiro elétrico gasta 24 litros,
e uma ducha a gás, 160 litros.
Mas, com restritor de vazão
instalado, o consumo da ducha
a gás cai para 64 litros
>> Lavar um carro com mangueira
desperdiça quase 600 litros
de água. Em um lava-rápido,
o consumo cai para 100 litros.
Com um balde e um pano, gastam-
se apenas 40 litros
>> Quem lava louça
manualmente por 15 minutos
gasta cinco vezes mais água
que uma lava-louças cheia. A
máquina precisa de 40 litros de
água. Mas, quando você retira
os restos de comida e ensaboa
toda a louça manualmente antes
de enxaguar, gasta apenas
cerca de 20 litros de água
>> O arejador, peça que mistura
o ar à água quando é instalada
na torneira, pode reduzir o
consumo em até 76%
>> No banheiro, uma descarga
com dois níveis de vazão
economiza até 60% de água
Fontes: Sabesp e Roca
É a vida
>> Apenas 2,5% da água do planeta
é doce. Desse total, 70%
está em geleiras de montanhas
>> Cerca de 70% da água doce
do mundo é destinada para a
irrigação, 22% para a indústria
e 8% para uso doméstico
>> Para atender à demanda
diária de uma pessoa (beber, cozinhar,
limpar), são necessários
de 20 a 50 litros de água. 894
milhões de pessoas não têm
acesso a essa quantidade
>> O Brasil tem disponibilidade
abundante de água por
habitante (35 mil m3). Mas a
região metropolitana de São
Paulo tem uma disponibilidade
hídrica anual classifi cada como
crítica (200 m3 per capita), que
corresponde a 10% da
considerada ideal pela ONU
Fontes: Programa Ambiental das Nações
Unidas, Programa Mundial de Avaliação de
Água, ONU, Sabesp
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