Índice O ROTEIRO MAIS COMPLETO
DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 02 A 09 DE MARÇO DE 2007

 

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A CAPA

Nem tão cubos nem tão brancos

Pedro Ivo Dubra

Mesmo que não os freqüente, aquele paulistano medianamente informado adora apregoar que a cidade é cheia de bons museus. É fato. Acontece que em São Paulo, em matéria de artes visuais, muita coisa longe das paredes museológicas tem ocorrido, sobretudo de pouco tempo para cá.

Para além dos conhecidos cubos brancos —as galerias de arte contemporânea—, que se contrapõem naturalmente por sua vocação comercial a MAM, Pinacoteca e assemelhados, têm pipocado aqui e ali espaços alternativos dedicados a uma produção emergente. Exemplo dessa profusão é a inauguração de mais um deles, Agaleria, que começa a funcionar na terça-feira (dia 6), em Pinheiros. O novo lugar vai se somar a uma leva que vem crescendo —o Guia contou 11 pontos. Boa parte tem menos de dois anos de existência.

Com o aproveitamento que fez da herança plástica do grafite, a “street art” (veja glossário) ajudou, de certa forma, a catapultar o interesse por um outro tipo de arte, menos conceitual e mais pop, informal e jovem. E, ainda que nem todos os espaços sejam apenas dedicados à modalidade de raiz urbana e colorida, é fácil detectar num ou noutro artista as suas influências.

Marketing Como o mercado não é bobo nem nada, esse alternativo freqüentado primeiramente por um povo descolado, por vezes ligado à indústria da moda, já começa a se infiltrar no circuito convencional. Fez uma ponte importante a galeria Choque Cultural, que, no ano passado, realizou mostra conjunta com a galeria Fortes Vilaça, também responsável pela exposição “blockbuster” da dupla de grafiteiros osgemeos.

Outra faceta é que grandes marcas, como Eastpak e Melissa, também têm apostado, como jogada de marketing, no potencial dessa nova (se é que existe novo nesse campo) arte. Nas próximas páginas, veja mais do que andam pendurando nessas jovens paredes.

A galeria

O que é: Novo espaço alternativo paulistano, a ser inaugurado na terça-feira (dia 6). A artista plástica e designer Luciana Duarte responde pelo lugar, um sobrado com área de 100 m2 em Pinheiros. Na fachada do imóvel, há lambe-lambes da Grafiteria.

Em cartaz: Na terça, estréia “Caosurbanocromia”, com obras de artistas que têm ligações com a ONG Projeto Cidade Escola Aprendiz. Sergio Fabris, Sliks, Vine, Jerry, Paulo Ito e Eymard Ribeiro exibem telas e realizam grafites nas paredes. Na abertura, apresentam-se ainda os DJs Alexandre Youssef e Demo.

Freqüência: Luciana Duarte aposta num público alternativo, próximo do da galeria Choque Cultural, além de interessados em tecnologia, já que intenta hospedar também mostras de arte digital.

Critérios para seleção de artistas: A proprietária quer estabelecer uma agenda com exposições curtas de novos criadores. Fotografia e grafite devem ser áreas privilegiadas. r. dos Pinheiros, 493, Pinheiros, região oeste, tel. 3083-6478. Ter. a sáb.: 14h às 22h. Abertura 6/3. Grátis.

Casa da Xiclet

O que é: A agitadora cultural capixaba Adriana Matos Alves Duarte, a Xiclet, pode ser considerada pioneira da onda alternativa do circuito paulistano, já que lançou o seu espaço em agosto de 2001. Ela criou um pólo que provoca o mercado de artes visuais. Em 2005, por exemplo, criou a exposição “Quero Ser Amigo (a) da Lisette”, em referência à curadora da Bienal de 2006, Lisette Lagnado. Xiclet mora em cômodos vizinhos ao espaço expositivo, que tem também sinuca, bar e araras com camisetas.

Em cartaz: Até a segunda-feira (dia 5), exibe a coletiva “Sandra, Sinto Muito!”, trocadilho com o nome da artista Sandra Cinto. Há ainda a individual de Luisa Dória, “Luzia”, em cartaz até a mesma data.

Freqüência: Para Xiclet, pessoas “cultas”, colecionadores e jovens que estudam nos colégios Santa Cruz e Vera Cruz.

Critérios para seleção de artistas: Xiclet aluga espaço, por valores variáveis, para artistas principiantes —o lema do lugar, escrito no muro da casa, é “bombamos o seu nome”. No site da galeria, afirma-se que “obras feias e ruins” não são aceitas, e o dinheiro da inscrição é então devolvido. r. Fradique Coutinho, 1.855, Pinheiros, região oeste, tel. 8420-8550. Seg. a dom.: 14h às 21h. Grátis.

Choque Cultural

O que é: Espaço pioneiro na divulgação da “street art”, é tocado pelo casal Mariana Martins e Baixo Ribeiro e por Eduardo Saretta. Por lá, podem ser observados adesivos, pinturas, colagens e gravuras, entre outras técnicas.

Em cartaz: Até o dia 10/3, hospeda uma mostra que leva os procedimentos da tatuagem a aquarelas e as individuais de Speto e de Renan Cruz. Há também exibição permanente do acervo.

Freqüência: Baixo Ribeiro diz que o espaço quis criar com o seu surgimento um público novo. Seria uma galeria “para uma pessoa de 20 anos se sentir à vontade”. Por lá, circulam visitantes ligados à publicidade, à moda e um “público que assiste à MTV”, nas palavras de Ribeiro. Desde a realização de uma mostra conjunta com a galeria Fortes Vilaça, em 2006, começou a receber o pessoal do mercado de artes plásticas.

Critérios para seleção de artistas: Baixo Ribeiro, que se diz “antipanelinha”, comanda a seleção de nomes com Mariana Martins. O critério é a qualidade do desenho, da pintura e da escultura —a galeria não se interessa por foto, videoarte, instalação e performance. r. João Moura, 997, Pinheiros, região oeste, tel. 3061-4051. Seg. a sáb.: 12h às 19h. Grátis.

Eastpak

O que é: A loja brasileira da grife de mochilas norte-americana é influenciada pela estética do grafite e alia a venda de seus produtos à convivência de um espaço dedicado à arte, numa área ao ar livre. Ali, há uma parede de 30 m de extensão grafitada pelo ilustrador Carlinhos Dias e um ateliê onde se sucedem residências de diferentes artistas —o público pode acompanhar o processo criativo deles. Já recebeu o americano Michael Arms, que criou robôs articulados em tecido, e a grafiteira Camila Pavanelli.

Em cartaz: Até 15/3, o residente é o ilustrador Alexandre Sesper. Freqüência: Principalmente gente ligada à moda (o espaço fica próximo à Galeria Ouro Fino).

Critérios para seleção de artistas: Até janeiro, contou com consultoria da jornalista Erika Palomino. Agora, sem um curador que centralize as escolhas, a loja busca dicas de amigos ou de sua assessoria. Muitos enviam trabalhos para lá. r. Augusta, 2.685, Jardins, região oeste, tel. 3081-1979. Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb.: 10h às 19h. Grátis.

Emma Thomas

O que é: Uma portinha escondida na rua Augusta descortina uma espécie de vila, onde se situam o bar/restaurante Puri e a pequena Emma Thomas, surgida em julho do ano passado. Comandam o espaço as artistas e estilistas Juliana Freire e Flaviana Bernardo. O nome é um trocadilho com hematomas e brinca com o fato de que algumas galerias paulistanas têm nomes compostos —Fortes Vilaça ou Luisa Strina, por exemplo.

Em cartaz: “Bipolar”, coletiva que explora antagonismos e dualidades como masculino x feminino, racional x emocional.

Freqüência: Alternativos e modernos.

Critérios para seleção de artistas: As proprietárias têm realizado as curadorias das mostras até então. Ouvem indicações, procuram quem já conhecem. Muitos artistas enviam portfólios por e-mail —há casos de pessoas que conseguiram expor assim em “Bipolar”. r. Augusta, 2.052, conj. 2, Cerqueira César, região central, s/ tel. Qua. a sex.: 21h às 24h. Sáb.: 16h às 22h. Grátis.

Galeria Melissa

O que é: O lugar, com uma fachada colorida recuada que se destaca na rua Oscar Freire, começou a funcionar em agosto de 2005. É uma loja da marca de calçados Melissa e recebe também exposições.

Em cartaz: Até o dia 15/3, hospeda as telas de inspiração pop de Domenico Salas. Freqüência: Estrangeiros que visitam as lojas da Oscar Freire e compradores da marca.

Critérios para seleção de artistas: Fernando Silva, gerente do espaço, seleciona os projetos ali exibidos. Pesquisa artistas de linha “mais moderna e divertida”. Também é muito procurado por aspirantes. r. Oscar Freire, 827, Cerqueira César, região central, tel. 3083-3612. Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb.: 10h às 18h. Grátis.

Grafiteria

O que é: Latas de spray empilhadas na entrada e uma fachada pintada identificam as ligações com o grafite que o nome do pequeno espaço carrega. Surgiu em março de 2005 e é administrado por Flávio Ferraz, o Jey, e Tatiana Garrido.

Em cartaz: Reabre no dia 9/3 com as individuais do francês Remed e do alemão Foo, no térreo. No segundo andar, ficam obras de Pato, Ciro, Prozak, Crespo, Profeta e Isaac. Freqüência: Estudantes universitários de artes plásticas e design, grafiteiros e interessados em grafite.

Critérios para seleção de artistas: Desde 1994 no universo do grafite, Jey coordena as seleções do espaço. Recebe grande quantidade de portfólios de novos criadores, mas diz que “muitos ainda precisam amadurecer”. r. Simão Álvares, 601, Pinheiros, região oeste, tel. 3812-4789. Ter. a sáb.: 12h às 19h. Grátis.

Mezanino

O que é: Pequeno espaço na sobreloja da Banca de Camisetas, que vende roupas com estampas descoladas. Em abril, a loja da Vila Madalena deve ganhar também o seu Mezanino.

Em cartaz: Até amanhã (dia 3), abriga “Entrando no Armário + Imagens de Moda”, exposição que questiona a mesmice das imagens de moda, com trabalhos de nomes como Alexandre Herchcovitch, Jaques Faing, Johnny Luxo e Rita Wainer. Freqüência: O curador do espaço, o fotógrafo Renato De Cara, diz ainda não saber definir muito bem o público —há interessados em arte contemporânea pop, profissionais da moda e jovens colecionadores de arte.

Critérios para seleção de artistas: De Cara pensa em temas e, a partir deles, busca artistas de quem já conhece o trabalho. Diz que costuma ser receptivo com quem o procura e gosta de mesclar novos nomes com conhecidos. O forte do espaço é a fotografia. al. Franca, 1.104, Jardim Paulista, região oeste, tel. 3081-5210. Seg. a sáb.: 10h às 20h. Grátis.

Plastik

O que é: Apêndice da loja de “toy art” Plastik, aberta em dezembro de 2006. Em cartaz: Termina amanhã (dia 3) a mostra “Tomorrow Will Be Better”, com desenhos dos franceses Artus Delavilléon e Julien Langendorff. Na quarta-feira (dia 7), abre a exposição “Rolê”, com 11 fotógrafos que clicaram São Paulo à noite.

Freqüência: Eclética, de adolescentes a senhores; músicos, designers, artistas que trabalham com grafite.

Critérios para seleção de artistas: Nina Sander, colecionadora de “toy art” e proprietária, é quem seleciona os trabalhos. Ela pesquisa e recebe e-mails com portfólios. O espaço expositivo não está fechado a nenhuma técnica ou tendência específicas. r. Dr. Melo Alves, 459, Cerqueira César, região oeste, tel. 3081-2056. Seg. a sex.: 11h às 20h. Sáb.: 11h às 19h. Grátis.

Pop

O que é: Dividem território um espaço expositivo e uma loja/livraria, que vende peças de “toy art”. Surgiu em março de 2006 e é capitaneada pelo diretor de arte e artista plástico Roger Bassetto e por sua mulher, Mônica Fragoso.

Em cartaz: A individual do designer Paulo Moretto, “Favor Colar Cartazes”, que expõe fotografias e cartazes.

Freqüência: A faceta loja de livros de arte e de cultura underground agrada a designers, fotógrafos e publicitários. A venda de peças de “toy art” atrai os colecionadores do gênero.

Critérios para seleção de artistas: Bassetto é curador do espaço, que diz ser um local alternativo para pessoas que “ainda não foram descobertas”. Não está fechado a nenhuma técnica, como fotografia ou pintura, nem a nenhuma vertente específica contemporânea, como a “street art” ou a “toy art”. r. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 297, Pinheiros, região oeste, tel. 3081-7865. Seg. a sex.: 13h às 20h. Sáb.: 11h às 18h. Estac. grátis (3 vagas). Grátis.

Triad3

O que é: O espaço, numa casa de dois andares na Barra Funda, debutou em outubro de 2006 e tem como sócios Gustavo Sola, Fábio d’Elia e Jey —o último também da Grafiteria. Buscando ser um ponto de convivência dos interessados em arte urbana, há por ali um bar e uma lojinha de tênis e roupas customizadas. Também abriga festas, como a Popcorn.

Em cartaz: A partir da terça-feira (dia 6), volta a funcionar com a exposição “Contrasta”, do brasileiro Dask e do chileno Horate (ambos grafiteiros). Freqüência: Parecida com a da Grafiteria. Mas, como também tem balada, a Triad3 é procurada por notívagos.

Critérios para seleção de artistas: Jey é curador das exposições. Por ali, diz tentar mostrar mais o trabalho de iniciantes. r. Brig. Galvão, 296, Barra Funda, região central, tel. 9177-2728. Ter. a sáb.: 14h às 22h. Grátis.

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