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DE 07 A 13 DE ABRIL DE 2006 |
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CINEMAV DE VINGANÇA Versão de HQ de Moore mantém espírito subversivoRicardo Calil Nos Estados Unidos, "V de Vingança" dividiu a crítica. Para alguns, a produção faz apologia do terrorismo. Para outros, trata-se de um marco cultural no combate ao governo Bush. Talvez os dois lados tenham levado esse entretenimento pop a sério demais. Mas o debate em torno do filme indica ao menos que estamos diante de um produto diferenciado.Baseado na célebre "graphic novel" de Alan Moore e David Lloyd, publicada entre 1982 e 1988, "V de Vingança" conta a história de um vingador mascarado que tenta derrubar o governo totalitário da Inglaterra em um futuro distópico. Sob a inspiração do revolucionário Guy Fawkes, do século 16, V (Hugo Weaving) ameaça detonar o Parlamento britânico, conclama seus compatriotas a uma rebelião e convoca para a sua causa a jovem Evey (Natalie Portman). A certa altura, ele afirma: "Explodir um edifício pode mudar o mundo." Como se nota por essa frase, o longa investe na analogia com a realidade mundial pós-11 de Setembro e não poupa tintas na sua crítica política, que mistura a alegoria do inglês George Orwell em "1984" ao anarquismo dos escritos do russo Mikhail Bakunin. Em relação à HQ original, o filme mantém o espírito subversivo, mas altera o alvo: sai Margaret Thatcher, entra George W. Bush, o que não acarreta prejuízo para o conteúdo, comprovan- do a permanência do trabalho de Moo- re. Enquanto houver um governo opressivo, "V de Vingança" fará sentido. Produzido pelos irmãos Wachowski (de "Matrix") e dirigido por James McTeigue (assistente dos dois na trilogia), o longa não apresenta grandes inovações estéticas, mas tem a virtude de ostentar mais idéias do que efeitos especiais. As teorias do filme podem ser simplistas e, no limite, até irresponsáveis, porém, elas existem e são defendidas com convicção. E isso basta para torná-lo uma obra singular na Hollywood de hoje. |
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