O ROTEIRO MAIS COMPLETO DE SÃO PAULO |
DE 13 A 19 DE ABRIL DE 2007 |
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CINEMAVentos da Liberdade Ken Loach registra luta de (e entre) irlandesesRicardo Calil O filme "Ventos da Liberdade", do cineasta inglês Ken Loach ("Terra e Liberdade"), que ganhou a Palma de Ouro no último Festival de Cannes, divide-se em duas partes bem definidas.Na primeira, iniciada em 1916, o estudante de medicina Damien (Cillian Murphy, um dos jovens atores mais interessantes do cinema atual) se une a seu irmão Teddy (Padraic Delaney) na luta guerrilheira do IRA (Exército Republicano Irlandês) pela independência do país, ocupado por tropas paramilitares da Inglaterra. Aqui, fica muito claro quem são os vilões (ingleses) e os heróis (irlandeses) -o que, como de hábito, rende má ficção. Na segunda, depois que a Inglaterra oferece um acordo de paz, a Irlanda se racha entre os que aceitam a proposta e os que querem a autonomia total e uma república socialista. Na sangrenta guerra civil que vem a seguir, Teddy e Damien combatem em lados opostos: o primeiro ajuda a organizar o Estado irlandês, o segundo permanece na guerrilha do IRA. Supostamente, a parte final do filme deveria ter uma visão de mundo menos maniqueísta, já que mostra a luta de irlandeses contra irlandeses, de irmão contra irmão. Mas o socialista Loach, um dos últimos herdeiros do cinema engajado dos anos 60 e 70, é um inimigo da ambigüidade. Ele deixa sempre patente sua preferência pelo IRA, por meio do mau hábito de colocar discursos na boca dos personagens, em vez de deixar que a ação fale por si. Questões ideológicas à parte, "Ventos da Liberdade" confirma Loach como um bom artesão do cinema clássico, em que os vários elementos do filme -roteiro, direção, montagem- se unem harmoniosamente para formar uma visão de mundo sólida, talvez monolítica, em vez de semear a dúvida e o questionamento entre os espectadores. |
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