CINEMA

CAPA

Cenas de um cinema

Ana Paula Sousa

Belas Artes se despede da Consolação com duas retrospectivas e um "Noitão" especial; prédio pode ainda passar por processo de tombamento

Teremos de volta o esvoaçante vestido de Marylin Monroe em "Quanto Mais Quente Melhor". E teremos ainda a aflição do mutilado que toma a tela em "Johnny Vai à Guerra" e a graça desengonçada de "Meu Tio".

Com imagens tornadas clássicas e sentimentos que só o cinema é capaz de gerar, o Belas Artes cerrará suas portas. O espaço, que, além de tela de resistência, virou ponto de referência para caronas ou encontros, perderá seus projetores no próximo dia 27.

Para driblar a melancolia da última sessão, o proprietário, André Sturm, decidiu transformar em muitas as noites finais do cinema que começou a funcionar em 1943.

Duas mostras, uma dedicada aos sucessos que por ali passaram e outra aos clássicos, terão sessões diárias na sala Portinari.

A largada para a despedida será dada hoje, com um "Noitão" especial. O evento, que levou milhares a atravessar madrugadas na sala escura, trará cinco filmes, entre eles, "Cães de Aluguel" e "A Festa Nunca Termina".

Obrigado a deixar a esquina da Paulista com a Consolação porque o dono do prédio resolveu alugá-lo para uma loja, o Belas Artes será reaberto, segundo Sturm, em outro endereço da cidade.

Mas, feito roteiro de filme, sua história ainda pode ter reviravoltas. Na terça-feira, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Conpresp) votará a abertura do processo de tombamento do espaço.

Como os bons filmes, o Belas Artes está nos oferecendo um surpreendente final.