CINEMA

Vicky Cristina Barcelona

Woody Allen faz longa divertido e vigoroso

Sérgio Rizzo

Não há melhor notícia a dar aos fãs de Woody Allen do que ir direto ao ponto: "Vicky Cristina Barcelona" é o mais vigoroso e divertido longa do cineasta em muitos anos, talvez desde seus derradeiros grandes filmes nova-iorquinos, ainda nos anos 1990.

Se a ida do cineasta para Londres em seus três longas anteriores ("Match Point", "Scoop" e "O Sonho de Cassandra") havia representado apenas nova ambientação para histórias que poderiam se passar nos EUA (e ao menos a primeira e a terceira já haviam sido escritas assim), "Vicky" nasce de Barcelona, ou de uma certa idéia da cidade e da cultura catalã.

Duas jovens norte-americanas resolvem passar o verão ali. Uma delas (Rebecca Hall) se dedica a uma pesquisa sobre a cultura local. A outra (Scarlett Johansson, em seu terceiro filme com Allen, todos na Europa) viaja a passeio. Certa noite, elas conhecem um artista plástico (Javier Bardem, Oscar de coadjuvante pelo vilão de "Onde os Fracos Não Têm Vez").

O encontro altera radicalmente os comportados planos de ambas para as férias e permite, mais tarde, a entrada de outra figura importante para a ciranda, a ex-mulher do artista (Penélope Cruz). Como é habitual em Allen, personagens secundários ganham importância ocasional, como a tia de uma das jovens (Patricia Clarkson), mas é do quarteto que o filme se ocupará para valer.

O excelente uso do elenco inclui brincadeiras com clichês e estereótipos, tanto de norte-americanos deslocados em terra estranha quanto de latinos e suas incontidas emoções. Em "Vicky Cristina Barcelona", o diretor parece, como suas protagonistas, ter redescoberto o prazer de buscar novidades graças ao deslocamento geográfico.

Não recomendado para menores de 14 anos.