CINEMA

Invasores

Uso de efeitos prejudica narrativa de adaptação

Ricardo Calil

"Invasores", de Olivier Hirschbiegel ("A Queda"), é a quarta adaptação para o cinema de "Os Invasores de Corpos" (1955), clássico da ficção científica escrito por Jack Finney. É também a mais cara e menos memorável das versões. O filme até começa de forma promissora, investindo antes nas idéias do que nos efeitos.

A invasão extraterrestre, dessa vez, alastra-se como uma epidemia, com uma espécie de vírus que contamina os humanos e os transforma em alienígenas sem emoções. A psiquiatra Carol (Nicole Kidman) luta para que ela e seu filho não sejam infectados. Mas, quando isso acontece, Carol tenta encontrar uma cura com a ajuda do médico Ben (Daniel Craig).

Depois do bom início, porém, o filme se torna truncado -resultado, talvez, da interferência dos produtores, que determinaram que os irmãos Wachowski (da série "Matrix") refilmassem algumas cenas de ação.

Esse desmando se faz sentir também na mensagem política. Como as adaptações anteriores, "Invasores" pode funcionar como metáfora do tempo em que foi realizado. Repleto de referências à Guerra no Iraque, o filme faz, supostamente, uma crítica à apatia dos americanos diante dos desmandos de seu governo. Mas o recado do filme é tão nebuloso quanto sua narrativa.