CINEMA

Personal Che

Documentário registra facetas de mito mundial

Ricardo Calil

Dirigido pelo brasileiro Douglas Duarte e pela colombiana Adriana Mariño, o documentário "Personal Che" enfoca o revolucionário argentino por um ângulo inusitado: em vez de se concentrar no homem, eles preferiram mostrar como pessoas do mundo todo se relacionam com a figura mítica de Guevara.

A lista é abrangente: de neonazistas da Alemanha a camponesas da Bolívia, de um ator que interpreta o guerrilheiro em um musical no Líbano a um deputado de esquerda de Hong Kong.

Ao longo do filme, Che é comparado com Hitler e Jesus Cristo, com o papa e califas árabes, e o espectador é conduzido a uma conclusão sim ples: Guevara deixou de ser um ser concreto e se tornou um espelho abstrato no qual cada um reflete suas crenças.

Os melhores momentos do longa ocorrem justamente quando os diretores contrapõem o personagem imaginário ao guerrilheiro real, como no momento em que lembram a uma camponesa boliviana, que vê Che como um santo, que ele era ateu.

Nessas cenas, o filme deixa de ser uma competente reportagem jornalística com um enfoque original para se tornar um documentário que ilumina uma faceta nova, não do mito de Che, mas dos simples mortais que o idolatram.

Censura: livre.