CINEMA

ESTREIA | Tudo pelo Poder

Longa de Clooney segue jornada de assessor

Cássio Starling Carlos

George Clooney, tal como Robert Redford antes dele, domina a arte de converter sua aura de galã inteligente em filmes de prestígio quando assume a função de diretor.

Depois de expor os bastidores do entretenimento e do jornalismo, o ator-realizador exibe as tramoias da política em "Tudo pelo Poder", longa que estreia hoje (dia 23) nos cinemas de São Paulo. O drama evoca em mais de um sentido o melhor do cinema americano dos anos 1970.

A trama segue a ascensão, queda e reposicionamento de um assessor durante a campanha de um governador democrata à eleição presidencial.

As manipulações, o jogo de cena e o confronto entre astúcias movem a ação como num bom suspense, enquanto os duelos em forma de diálogos deixam os atores à vontade para executar números formidáveis.

Sobreposto ao próprio poder de sedução, Clooney explora com cálculo os encantos de Ryan Gosling, astro em escalada e cujo apelo não se esgota na beleza física.

Em vez de insistir com um enésimo filme de denúncia sobre o jogo sujo da política cujo efeito resume-se a deixar o espectador satisfeito com sua consciência limpa, Clooney privilegia a sobriedade. Desse modo, "Tudo pelo Poder" espelha com exatidão o funcionamento do que nosso cinismo deu o nome de "pragmatismo".