CINEMA

Elsa & Fred - Um Amor de Paixão

Argentino apela para emoções simples

Christian Petermann

O redundante subtítulo brasileiro, "Elsa & Fred - Um Amor de Paixão", indica claramente o rumo que toma o filme dirigido e co-escrito por Marcos Carnevale. Voltada à terceira idade, a obra não se faz de rogada em apelar à simplicidade das emoções para atingir seu público. Mais eficiente que o brasileiro "Depois Daquele Baile", de Roberto Bomtempo, que perde seu tom no decorrer, o trabalho de Carnevale assume cedo sua vocação catártica.

Focado no conceito de prazer no viver, o filme apresenta Elsa (China Zorilla, de "Conversando com Mamãe"), 82 anos com corpo de 78, extrovertida e descolada, que muda a rotina do hipocondríaco Fred (o veterano Manuel Alexandre, em atuação premiada). A maior qualidade do filme é sua idéia de contínua e juvenil busca por sonhos. Elsa pretende, após décadas, realizar o dela: assim como Anita Ekberg em "A Doce Vida", de Federico Fellini, ela também quer entrar, vestida de negro, na fonte de Trevi.

Os atores intensificam as emoções, mas a direção óbvia e a trilha sonora de Lito Vitale indicam pouca confiança na sutileza. A inspiração é felliniana, mas o alcance de Carnevale fica aquém.